Contar uma história através de documentário não é um trabalho fácil. O uso de arquivos é algo primordial para que a narrativa faça sentido. Mas quando o material é escasso, o que define a qualidade do trabalho é a criatividade do diretor. Em Diante dos Meus Olhos a criatividade de André Félix foi precisa e fechou com chave de ouro o último dia do Festival de Cinema de Vitória.
O filme acompanha Afonso Abreu, Mario Ruy e Marco Antônio Grijó, membros da banda Os Mamíferos, que atuaram no cenário musical capixaba entre 1966 e 1970. Nesse tempo não lançaram nenhum álbum e pouco material foi registrado. Mas é um nome importante para quem busca entender a contracultura dos anos 1960. É isso que André Félix nos mostra, acompanhando o dia-a-dia dos ex-integrantes da banda, que resgatam seus dias de glória.
O grupo Os Mamíferos começou o movimento da contracultura em 1966 e atingiu o ápice em 1968. A banda levava ao palco um estilo psicodélico, diferente do que vinha acontecendo no Brasil. Essa foi umas das bandas que, mesmo fora do trecho Rio-São Paulo, ganhou destaca na década de 1960. Depois de cerca de 50 anos, os relatos daqueles que integraram a banda mostra porque mesmo diante de tudo o que fizeram, são pouco conhecidos hoje em dia.
Um dos fatos que causam essa invisibilidade é a escassez de material. Não ter gravado nenhum álbum torna difícil o acesso as músicas da banda. Foi pensando nisso que André Félix decidiu produzir o documentário. “Me interessei pela investigação do que fez a banda não se tornar um clássico da música brasileira. A partir de então, fui entendendo como a vida dessas pessoas foi se desenrolando, e como a vida na cidade de Vitoria foi se desenrolando. Isso contribuiu para que história não chegasse para a nossa geração”, disse André ao Festival.
Diante dos Teus Olhos mostra uma fase importante para a música brasileira dos anos 60, ainda mais a sua importância para Vitória. O resgate feito por André Félix se mostra importante para que mais pessoas possam entender sobre o desenvolvimento da cultura regional, seus passos e percalços. O filme deve chegar aos cinemas em 2019 e quando isso acontecer a criatividade de André Félix deve ser levada em conta a cada exibição.
Premiação do 25º Festival de Cinema de Vitória
A 25º edição do Festival de Cinema de Vitória chegou ao fim. Distribuindo 21 troféus, menções honrosas e premiações extras, a noite marcou a festa de mais um evento importante para o cinema nacional.
Veja a lista dos principais vencedores do Festival:
22ª MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE CURTAS
Melhor Filme: “Peripatético”, de Jéssica Queiroz Prêmio Especial do Júri: “BR3”, de Bruno Ribeiro Melhor Direção: Érica Sansil, por “Esperando Sábado”
Melhor Roteiro: Gabriela Amaral Almeida, por “Vaca Profana” Melhor Contribuição Artística: Marco Antônio Pereira, por “Alma Bandida” Melhor Interpretação: Rosa Luz, por “Estamos Todos Aqui” Prêmio do Júri Popular: “Braços Vazios”, de Daiana Rocha Menções Honrosas: “Maré”, de Amaranta Cesar; “Entre Pernas”, de Ayla de Oliveira; “Tentei”, de Laís Melo; “Maria”, de Elen Linth e Riane Nascimento
8ª MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE LONGAS
Melhor Filme: “Pastor Cláudio”, de Beth Formaggini Melhor Direção: Otto Guerra, por “A Cidade dos Piratas” Melhor Roteiro: Rodrigo John, Laerte Coutinho, Thomas Créus e Otto Guerra, por “A Cidade dos Piratas” Melhor Interpretação: Markus Konka, de “A Mata Negra”
A Lista com os vencedores de todas a mostras pode ser visto no site oficial do Festival de Cinema de Vitória.
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