O jovem Léo (Daniel Rocha) passou toda sua vida perseguindo um sonho: ser um jogador de futebol profissional. No entanto, a rotina puxada, as dificuldades enfrentadas pela mãe Carmen (Cristiana Oliveira) e a impossibilidade de se dedicar totalmente ao esporte fizeram com que o sonho fosse se afastando cada vez mais. Mas, como diz o título, Léo é brasileira e leva aquela máxima de que "brasileiro não desiste nunca" ao pé da letra.
Esta é a trama do bom drama nacional Eu Sou Brasileiro, do estreante Alessandro Barros. Ao invés de focar apenas no futebol ou nas dificuldades de uma família pobre no País, o cineasta vai misturando elementos que tornam a narrativa leve e interessante de ser acompanhada. "Comecei, primeiro, a buscar elementos do futebol e desse espírito nacional", afirma Barros ao Esquina. "E queria criar um personagem com empatia".
A partir disso, o longa-metragem consegue entregar bons elementos de um drama. O personagem de Daniel Rocha (Sequestro Relâmpago) personifica bem a essência do País, trazendo aquela força de não desistir nunca. Cristiana Oliveira (da novela Topíssima) está bem como uma mãe dedicada -- pena que aparece pouco. Mas quem rouba a cena é Fernanda Vasconcellos, como a vizinha apaixonada de Léo.
A presença do futebol, aliás, desperta curiosidade. Afinal, o esporte é uma paixão nacional, mas raramente é retratado em longas de ficção. Qual o motivo disso? Barros dá sua visão sobre o tema. "É uma paixão nacional, mas que ainda não conseguiu atrair público para os cinemas", explica. "Não é fácil de gravar também. Uma cena específica de jogo levou um dia pra ser rodada. Foi esforço grande de direção, edição, organização."
Alguns podem se incomodar com a presença de símbolos nacionais o tempo todo -- algo que, hoje, representa movimentos de direita no Brasil. Mas Barros rapidamente fala como isso não é questão política. "Quando comecei a fazer esse filme, lá em 2012, não existia esse Brasil polarizado, de ânimos tão acirrados. Não tem nada a ver com isso", diz. "Só queria contar a história de um cara esforçado, brasileiro. Nada mais que isso".
Elenco
Outro ponto de destaque de Eu Sou Brasileiro é o elenco de peso. Além dos já citados Daniel Rocha e Cristiana Oliveira, tem Zezé Motta (O Nó do Diabo), Letícia Spiller (Jorginho Guinle) e o carismático Felipe Folgosi (A Grande Vitória). Mas, como já dito, é Fernanda Vasconcellos que rouba a cena como uma mulher ainda mais batalhadora do que o protagonista Léo. É ela que segura o rojão quando as coisas saem dos trilhos.
"Lu é uma personagem de personalidade sutil, amorosa que sabe cuidar do outro. Sua curva dramática é interessante, podemos acompanhar uma mulher em transformação, deixando de ser adolescente para viver a vida adulta", explica a atriz em entrevista ao Esquina. "Me preparei com a Helena Varvaki e foi uma investigação que começou pelo corpo, como seriam as ações dessa mulher prática, que cuida de si, da casa, da família".
Segundo ela, o longa-metragem de Alessandro Barros encaixa bem em sua diversificada filmografia. "Eu Sou Brasileiro conta um pouco sobre o meu desejo em realizar os mais variados gêneros e estruturas de roteiro", explica a atriz, sobre sua participação no filme. E quais os próximos projetos? "A quarta temporada da ficção científica 3%, a segunda temporada do drama Coisa Mais Linda e o longa de suspense Cisterna."
Já o protagonista Daniel Rocha conta que já tinha um pé no futebol. "Interpretei um jogador de futebol na novela Avenida Brasil, então tive essa experiência anterior. Sou canhoto, mas nunca joguei necessariamente bem (risos)", disse o ator para o Esquina, sobre os desafios de seu personagem. "Para o meu papel, fiz uns dois meses e meio de aula, mas, no fim das contas, o papel era mais atuação do que desempenho em campo".
E, ao ser questionado sobre essa sua nova empreitada no cinema, Daniel mostra entusiasmo -- com uma ponta de preocupação. "Em dois anos estive em sete filmes e duas séries. O cinema começou a me acolher. Isso aconteceu na hora certa, pois tenho maturidade e experiência para tanto" diz. "Falando nisso, me preocupa a atual situação da Ancine. O nosso cinema é incrível e já provamos que podemos fazer excelentes filmes. Estou preocupado em como essa insegurança pode ter impacto na nossa arte".
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