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Foto do escritorMatheus Mans

Em 'O Incerto Lugar do Desejo', a busca por esse complexo sentimento


Foto por Luciano Amado.

O Incerto Lugar do Desejo, que já está em cartaz no Belas Artes, é um belíssimo documentário. Bem editado e fotografado, o filme traz importantes nomes da filosofia, psicologia, sociologia e afins para dissertar sobre a origem do desejo e a relação da sociedade com esse sentimento que atravessa a pessoa. A arrasta, a leva, a consome. Não é algo simples de ser captado num filme. E é por isso que o documentário é tão bom. Não se furta de mergulhar na complexidade do tema, encarando-o de frente.

Há, ainda, uma interessante ficcionalização com a atriz Maria Fernanda Cândido (Meu Amigo Hindu), que entrou no projeto há anos e está ajudando a levá-lo adiante.

Afinal, felizmente, o documentário é uma peça num projeto maior, chamado de Linha do Desejo. "É só a primeira etapa do projeto. Agora, temos feito um esforço no site e mídias sociais para que a audiência fale sobre o desejo. Isso, depois, pode se tornar parte de um longa-metragem que vamos filmar no ano que vem", explica Paula Trabulsi, diretora do documentário e fundadora do ASAS, um colaborativo de inteligência criativa.

Além disso, o projeto Linha do Desejo vai ganhar uma instalação no metrô de São Paulo a partir de outubro, convidando pessoas a interagirem com os meandros dessa emoção.

E qual a importância disso pra Paula, pro ASAS, pro público? Qual a importância de falar sobre o desejo? "Queremos propor temas que ajudem na construção ética do ser humano. Queremos formas mais humanistas de enfrentar a vida", afirma Paula, em entrevista por telefone ao Esquina. "Numa época em que a mídia é muito fast food, a gente come muita coisa e nada nutre. O ASAS tem essa ambição de criar conteúdo que possa ser nutriente para as pessoas, e não só um fast food para te distrair e engordar".

Segundo ela, foram dois os principais desafios com o documentário: a edição e o alcance do material. Sobre o primeiro ponto, Paula conta que ela e sua equipe ficaram um ano e meio na edição das entrevistas. Afinal, não é fácil cortar conversas com Clóvis de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé, José Miguel Wisnik, Costanza Pascolato, entre outros.

Além disso, a cineasta destaca que precisou pensar na linguagem para que o tema alcançasse o maior número de pessoas e, assim, cumprisse com o objetivo principal de levar informação e humanidade às pessoas. Hoje, para ela, o resultado é positivo. "A recepção das pessoas está surpreendente. Na maioria das sessões, o público aplaude", conta. "E muitos grupos estão se reunindo para assistir ao filme. Seja de psicólogos, professores. É um movimento lindo e que, justamente, era o que eu mais queria ver".

 
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