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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Em ano fraco de animações, 'Garoto Fantasma' dá suspiro de criatividade

Atualizado: 11 de jan. de 2022


De um lado da história, um garoto está enfrentando uma grave doença e, por isso, precisa ficar internado em um hospital. Do outro lado, enquanto isso, um terrorista tenta dominar o mundo enquanto um atrapalhado -- mas esperto -- policial tenta impedir que isto ocorra, numa trama que lembra os clássicos policiais do século passado. Parecem filmes diferentes, mas tudo faz parte de uma criativa e divertida animação francesa que acaba de chegar aos cinemas, Garoto Fantasma.

Com a direção talentosa dos franceses Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli (que também foram os realizadores do inesquecível Um Gato em Paris), o filme tem um ingrediente inteligente que faz com que a trama policialesca e o drama da criança doente se unam: o espectro espiritual. Enquanto está internado, o garoto, sem muita explicação, consegue sair de seu corpo, podendo andar livremente pelo mundo. Com esta condição, ele passa a ter a capacidade de ajudar o tal policial a encontrar o terrorista.

Para a condução da história, Gagnol e Felicioli escolheram por traços simples, mas com forte influência cubista e de outros clássicos da animação, como Abril e o mundo extraordinário e o ótimo As Bicicletas de Belleville. É um desenho limpo, sem grandes firulas, mas que não deixa escapar nenhum detalhe e tem um certo preciosismo pelo cenário: enquanto o garoto voa pelo céu, as coisas continuam a acontecer ao seu redor. É um cuidado dos diretores para deixar o filme mais interessante.

O grande ponto alto do filme, porém, está a trama relatada no começo do filme: ele consegue unir com classe e delicadeza uma triste história de uma criança doente com a trama policial que bebe da fonte de histórias pulp da década de 1940 -- tem um vilão levemente caricato e um final óbvio. É uma mistura de gêneros narrativos que não é simples de ser feita em uma animação, que ainda tem o dever de agradar vários tipos de públicos que estão dispostos a assistir a produção, como crianças e adultos.

E apesar de alguns erros no meio do caminho, como uma ou outra personagem desenvolvida com características rasas, Garoto Fantasma tem uma trama criativa, interessante e corajosa em termos narrativos. É um frescor em 2017, que enfrenta animações pouco ousadas e com história "mais do mesmo", como é o caso de O Poderoso Chefinho e até da esperada Batman: LEGO. Assim, por fim, o filme de Gagnol e Felicioli mostra que, com cada vez mais frequência, a salvação do cinema vem fora do circuito -- e, principalmente, da França.


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