Fique calmo, leitor. Sei que o título acima dá indicações de que, na minha opinião, MasterChef se tornou um pária na televisão brasileira ou coisa do tipo. Mas não é nada disso. O reality show -- e que o Esquina esteve mais presente do que nunca, participando da degustação de uma prova de cinema -- continua bom. O espetáculo de gastronomia comandado por Ana Paula Padrão continua a divertir e causar boas emoções. Isso sem falar das brigas na internet à favor deste ou daquele participante.
No entanto, o programa começou a dar os primeiros sinais de desgaste profundo e, como dito no título, até de decadência. O primeiro erro fatal foi a mudança de horário, indo das terças à noite para os domingos. O reality show, num dos movimentos mais pouco inteligentes vistos na programação das TVs abertas, se jogou numa competição feroz contra Programa Silvio Santos, Domingão do Faustão, Fantástico, Domingo Espetacular. Obviamente, não conseguiu segurar o tranco e amargou de audiência.
Isso sem falar dos patrocinadores, que não gostaram nadinha da mudança. Não é à toa, então, que a vindoura nova temporada vai voltar para as terças-feiras, às 22h30.
Além disso, notou-se a concretização de um tipo de participante complicado: o profissional amador. São aqueles que estudam os programas com afinco, se dedicam a entender o mecanismo que mexe por trás do reality show, e vai preparado para enfrentar tudo aquilo. O programa, por sua vez, tenta surpreender aqui e ali. Mas, no geral, acaba favorecendo esse tipo que tem mais tempo e mais experiência com o formato do reality. Aí vem aquele ponto: é pra saber cozinhar ou para saber jogar?
Felizmente, os participantes-jogadores caíram cedo no programa. Helton, Fernando, André. Rodrigo, o vencedor, era o mais sincero ali, por mais que não abrisse a boca. Estava pronto pra cozinhar, fazer algumas pequenas provocações. Mas tinha foco. Não ligava muito pras panelas que se formavam ou para as disputas que corriam nos bastidores, como a eterna e chatíssima briga entre Helton e Juliana -- ela, aliás, é que merecia estar na final com Rodrigo. Enfim. Felizmente, venceu a gastronomia no final.
Mas esse excesso de jogos, disputas e briguinhas quase estragou a temporada. Helton começou como um rapaz divertido e acabou sendo um chato de galocha que resolveu implicar com a talentosa Juliana. Haila cresceu, felizmente, e largou o menino pra trás. Pena deu de Eduardo, que ficou o programa inteiro perdido, avançou e, quando começou a crescer, foi eliminado. A um programa da final. Outro que não se entregou ao jogo.
MasterChef, assim, flertou com a decadência. O horário ruim, vários participantes inconvenientes, alguns que chegam apenas pela fama ou pensando no formato geral do programa. Isso é algo que tira naturalidade que um reality exige e decepciona o público. Tomara que essa nova edição, com ex-participantes, seja mais MasterChef. Mais gastronomia, mais divertido, mais natural. Ainda que essa edição de 2019 tenha bem, abraçou o perigo. E isso nunca é bom para um programa com cinco anos de vida.
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