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Foto do escritorMatheus Mans

"É uma homenagem à política", diz diretor de 'Corpolítica'


Corpolítica, longa-metragem brasileiro que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 8 de junho, é uma produção complicada de vender, se divulgar e convencer as pessoas a assistirem. Afinal, é um documentário que acompanha um grupo de candidatos LGBTQIA+ em suas campanhas políticas no ano de 2020. É, resumindo, um filme sobre política, sobre minorias, sobre representatividade, sobre esquerda. Muitas pessoas pessoas, infelizmente, vão virar a cara.


"O filme é uma homenagem à política, no sentido de que precisamos fazer política", explica Pedro França, em coletiva de imprensa com a participação do Esquina. "Acho que tudo é político. É a alta do arroz, do café, da gasolina, do trabalho que você tem ou que você não tem, a rua esburacada, a polícia que mata. Tudo que envolve a vida de um ser humano é, sim, política. E todo corpo tem que ser político, tem que ser politizado. Temos que incluir a política na nossa vida para não termos, por exemplo, o Congresso que a gente tem hoje. Política é a convivência".


França conta que a ideia do documentário nasceu, justamente, a partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018. "Abro minha produtora, a Representa, depois da eleição do Bolsonaro. Ele não nos provoca, ele mexe com a gente. Era a destruição do diálogo, da empatia. Acredito no audiovisual como agente transformador.", diz. "Um ano depois veio a pandemia, logo que abri a produtora. Estava na minha casa no Rio de Janeiro, vi essa notícia do recorde de candidaturas LGBTQIA+. Queria registrar. A Camila Pitanga diz que o filme é uma convocação. Uma convocação à política, à importância de estar presente na política e à humanizacão dos corpos".

Assim, mais do que acompanhar a rotina de candidaturas políticas, Corpolítica chega com a missão de falar sobre corpos -- e, assim, analisar se, como e o porquê de serem políticos.

"Os corpos são políticos por essência. Nossa relação é política. A forma com que nos relacionamos é moldada por ações políticas. Algumas existências incidem na política. Agora, o que faz com que um corpo seja mais político do que o outro, é a medida com que a política é usada para desumanizar esse corpo", explica a deputada Erika Hilton, na coletiva. "Os corpos são políticos, mas determinadas identidades são desumanizadas. O corpo que necessita tomar a política para si é negado. Se torna político pela necessidade de lembrar que ainda é um corpo".


É um filme que surpreende, que instiga, que provoca, que faz refletir. No final das contas, Corpolítica deve, acima de tudo, mexer com as pessoas -- como mexeu com Marco Pigossi, produtor do filme, e que se assumiu homossexual justamente durante a preparação do filme.


"Um documentário independente, político, falando sobre corpos, e que é uma convocação para a política, assusta muita gente", afirma. "Não tenho ambição de me tornar produtor, mas é um retorno pessoal maravilhoso. Fez parte da minha aceitação, da saída do armário. Era o peso de ser uma figura pública homossexual e de não ter espaço para me colocar como isso. Tinha uma dívida com a minha comunidade, com esses corpos. Faz parte de um movimento meu".

 

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