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Foto do escritorMatheus Mans

'É um filme sobre encontros', diz diretor de 'Legalize Já'


O nome pode causar confusão, fazendo alguém crer que Legalize Já se trate de um documentário sobre a legalização da maconha ou coisa do tipo. Mas não: o longa-metragem, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 11, é um delicado e criativo retrato da criação da banda Planet Hemp -- um dos ícones do rap brasileiro. "É um filme sobre encontros", resume o diretor Gustavo Bonafé (Chocante), que divide o posto com Johnny Araújo. "É a história de jovens que trilharam seu próprio caminho."

O longa-metragem se aprofunda na história de Marcelo D2 (Renato Góes) e Skunk (Ícaro Silva). No início de carreira, o primeiro trabalhava vendendo camisetas de bandas nas ruas e criava versos no tempo livre, enquanto o outro lutava para sobreviver ao vírus da AIDS. Quando os dois se encontram, enquanto fugiam da polícia, a amizade se desenvolve até a fundação do grupo musical, que lançou músicas clássicas do gênero como Stab, Mantenha o Respeito, Contexto e, é claro, a canção que dá titulo ao filme.

"O que me atraiu na história do Planet Hemp é que o Marcelo, de alguma maneira, viveu um sonho que não era dele. Era, na verdade, o sonho do Skunk", explica o cineasta Johnny Araújo, que também comandou Chocante, anteriormente, com Bonafé. "Arrisco dizer que que vai além do encontro dos dois. Fala sobre amor, amizade. É lindo de ver."

Durante coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, 1, direção e produção deixaram claro que há desejo pulsante em dissociar o filme de qualquer pauta que envolva a descriminalização das drogas. "A gente teve resistência por conta do nome e isso atrasou o projeto", explica o produtor Paulo Schmidt. "Mas quando falamos de legalizar, o significado vai além da maconha, das drogas. É legalizar a mente, a música."

Afinando. Atores e direção ressaltaram a dificuldade em acertar o tom do filme e fazer jus à história do Planet Hemp. "Fazer biografias no cinema sempre é difícil", contextualiza Johnny Araújo. "É preciso trabalhar duro para não virar uma caricatura."

Renato Góes, que chamou a atenção em Velho Chico, consegue criar um Marcelo D2 impecável, unindo sofrimento pessoal, sensação de descoberta e vocalização perfeita do cantor. "Foi a loucura mais inteligente da minha vida", diz o ator sobre o desafio de aceitar o papel. "Mas o Marcelo D2 ajudou muito na construção do personagem, com referências, dicas. Eu não tinha referência musical quando entrei no projeto."

Ícaro Silva, de Elis e da temporada clássica de Malhação, teve um trabalho ainda mais árduo, já que Skunk morreu antes do sucesso do Planet Hemp e não há registros fotográficos ou em vídeo do músico. "Eu não tinha a menor referência sobre ele. Não tem vídeos dele falando, entrevistas", disse o ator. "Mas o Skunk está presente nos olhos do Marcelo D2, na essência dele. Foi assim que consegui construir meu personagem."

 

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