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Foto do escritorMatheus Mans

'É um filme feminino', diz diretor de 'Além do Homem'


Nada de feminino no sentido de gênero, sexualidade. Para Willy Biondani, diretor do longa-nacional Além do Homem, seu filme é feminino no sentido do afeto, da leveza. "O protagonista vem da França, um país extremamente estereotipado, e chega ao Brasil como um macho alfa, um homem que quer estar à frente das coisas", contextualiza o cineasta. "Só que, quando chega aqui, ele parte em direção ao feminino, à leveza, à cachoeira."

A fala de Biondani pode não fazer tanto sentido sem ter o filme como background, mas é curioso o sentimento que o cineasta manifestou sobre a produção em coletiva de imprensa na última segunda, 11. Além do Homem, afinal, é um filme que aparenta transpirar masculinidade: é inteiramente baseado no conceito criado por Friedrich Nietzsche sobre o super-homem e mostra, afinal, a trajetória de redescoberta de um homem (Sérgio Guizé).

Mas, quem ver o longa-metragem, entenderá do que Biondani está falando -- principalmente com o sentimento que emerge ao longo desse onírico e curioso processo de autodescoberta que o personagem de Guizé sofre. "O conceito do filme nasceu há muito tempo, quando fui morar fora do Brasil e precisei procurar minha identidade", diz Willy. "Curiosamente, hoje o Brasil também está em busca de sua identidade, perdida no atual momento. Queria resgatar o afeto que sempre existiu entre os brasileiros e que se perdeu."

Na história, personagens parecem caricatos, mas são retratos de tempos de um Brasil que parece ter ficado no passado -- festeiro, agarrado às tradições e até um pouco fantasioso em suas direções. Um sentimento, afinal, que está se perdendo entre os mais jovens. "Quero, também, resgatar a utopia do Brasil para os mais novos", afirmou o diretor quando questionado sobre seu público-alvo nos cinemas. "Quero representar o País todo".

Tudo bom, tudo bem. Curiosamente, Além do Homem não partiu do conceito homônimo de Nietzsche -- chamado também de "super-homem". Segundo Willy, o longa surgiu com o nome de Tudo bom, Tudo bem, remetendo à cordialidade dos brasileiros. "Quando você pergunta se está tudo bem para um francês, ele vai falar a verdade. Se não estiver tudo certo, ele vai falar que não está tudo bem", afirma Willy. "Já o brasileiro responde com 'tudo bom, tudo bem' mesmo quando tá tudo errado. E ainda emenda um 'graças a Deus'."

Só depois, por sugestão da distribuidora Imagem Filmes, que o longa-metragem ganhou a referência de Nietzsche logo no título. "Sugeriram a referência e, com o tempo, a gente foi adotando", conta o cineasta, se divertindo com a história do título. "Afinal, mais do que essa trajetória do super-homem, a viagem do Alberto é antropofágico, é o Brasil que ele precisa descobrir dentro dele, é a redescoberta do sentimento que falta: a afetividade."

 

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