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Foto do escritorMatheus Mans

'É um ato político', diz Selton Mello sobre 'O Filme da Minha Vida'


Selton Mello surpreendeu em 2008, quando lançou o correto Feliz Natal. Bem produzido e com bons momentos, o longa-metragem mostrou que Mello não era apenas um grande ator, mas também um diretor com futuro. Depois, ele se confirmou no cinema com o inesquecível O Palhaço e agora com o delicado O Filme da Minha Vida, filme apresentado em premiére em São Paulo nesta terça-feira, 25, que emociona com história bem construída e consolida Mello atrás das câmeras.

“Fazer um filme como este é quase um ato político”, afirma Selton Mello, diretor e ator de O Filme da Minha Vida, em entrevista coletiva concedida à imprensa, quando questionado sobre o clima delicado e emocionante de seu longa. “Estamos em um momento muito complicado não só no Brasil, mas também no mundo. Encaro O Filme da Minha Vida como um presente para o público que vai ao cinema hoje. É uma espécie de bálsamo com o que está acontecendo por aí.”

Na história de O Filme da Minha Vida, acompanha-se a trajetória de Tony Terranova (vivido por Johnny Massaro), um rapaz no interior do Rio Grande do Sul que se vê, de uma hora pra outra, sem o seu pai (Vincent Cassel), que some e volta para a França. A partir daí, ele começa uma jornada de autodescoberta com a ajuda do bruto Paco (Mello), da paquera e companheira Luna (Bruna Linzmeyer), da mãe (a surpreendente Ondina Clais) e da jovem misteriosa Petra (Bia Arantes).

"É uma jornada de amadurecimento”, afirma Massaro (conhecido por seu papel na novela Floribella, sucesso em 2005), na mesma coletiva para a imprensa, quando questionado sobre a trajetória de seu personagem. “Não é um filme linear e que pouco acontece entre o primeiro e o último minuto, como muito vemos por aí. Pelo contrário, é um filme que vai de um ponto para outro e se transforma com o decorrer da história e das cenas.”

Mello, que também assina o roteiro, afirma que queria ousar com sua nova história -- que é inspirada em um livro do chileno Antonio Skármeta, mas de livre adaptação. “Não queria um filme passivo”, afirma Mello. “Queria um filme que fizesse o espectador pensar no que está acontecendo e no que vai acontecer em seguida, sem entregar tudo mastigado como é visto no cinema americano. Afinal, hoje em dia, alguns filmes te entregam tudo e você sair de lá só pensando no que vai almoçar.”

E o diretor consegue causar esta sensação no espectador: além da fotografia belíssima de Walter Carvalho, Mello cria suspense com uma boa direção de personagens e um final que surpreende. Além disso, ele consegue imprimir lembranças particulares dentro da narrativa, seja por meio da escalação de atores -- como Rolando Boldrin, apresentador do programa Sr. Brasil -- ou até por uma cena que reproduz, fielmente, um quadro que sua mãe pintou há muito tempo.

“Este filme é um depoimento muito pessoal”, afirma Mello. “O Skármeta foi muito generoso. Peguei o livro dele e mudei tudo. O título [que é Um Pai de Cinema, no original] e até todos os nomes de personagens. Pensei nos detalhes de cada um, nos motivos de se chamarem desse jeito. Acho que eu quis tomar as rédeas da história, mostrar que tinha controle sobre tudo e fazer o filme da minha vida.”

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