Muita gente pode não lembrar, imediatamente, quem é Jason Reitman -- é comum, aliás, achar que estão falando do ator Jason Bateman. Mas quando falam sobre os filmes que Reitman dirigiu, o esquecimento passa. Afinal, ele não é um cineasta de filmes grandiosos e, assim, parece não conseguir marcar seu nome no meio popular como Scorsese ou Spielberg conseguiram.
Reitman é um diretor intimista, de histórias simples que se tornam universais, e que consegue captar a atenção de seu público de acordo com o tipo de identificação em cada uma de suas histórias -- algumas mais, outras menos. Assim, o Esquina fez um ranking de todos os longas de Reitman, indo do pior ao melhor. Não esqueça de deixar sua opinião nos comentários!
É o filme mais conhecido de Reitman -- na rede social de filmes Filmow, por exemplo, Juno tem 2,3 mil comentários enquanto o restante da filmografia não passa de 1,3 mil. Só que, ainda assim, é o mais fraco do cineasta. Ainda que trate de um tema importantíssimo, a gravidez indesejada na adolescência, o roteiro de Diablo Cody não consegue avançar o quanto precisa. Afinal, o filme prefere ser agradável, levinho e simpático ao invés de avançar mais brutalmente em algumas temas que ficam apenas à margem. É bonitinho, apenas.
Outro filme com Diablo Cody assinando o roteiro, Jovens Adultos é amado e odiado em iguais medidas. Afinal, a protagonista (vivida por Charlize Theron) é desagradável, complicada e cheia de momentos difíceis de aceitar. Mas não dá pra negar que Jovens Adultos é corajoso em como retrata a dificuldade em crescer e enfrentar a vida adulta, esbarrando em temas como a síndrome de Peter Pan e a necessidade de encontrar um rimo na vida. Sim, tem alguns exageros e a personagem é, de fato, chatíssima. Mas é corajoso e merece a posição.
Refém da Paixão é o filme mais estranho e diferente de Reitman. Enquanto em todos os outros ele trata de temas intimistas para, depois, ampliá-los em discussões sobre o ser humano, em Refém da Paixão ele prefere optar por contar uma história de romance inusitada entre um sequestrador e sua refém (com Josh Brolin e Kate Winslet, incríveis) sem muita necessidade de criar uma narrativa redentora. Mas, ainda assim, é um longa-metragem interessante, atípico e que pode agradar quem busca uma história de romance mais leve em sua filmografia.
Filme mais recente de Reitman, Tully volta a apostar no tema da maternidade. Aqui, porém, a história troca a adolescência de Juno pela maturidade de uma mulher, mãe de três filhos, e que já não consegue levar sua vida. Toda sua tranquilidade deu lugar ao caos que a maternidade trás. É um filme real, humano e muito, muito honesto -- como nunca foi visto nessa temática. Pena que, para ter um final grandioso, o longa-metragem faz alguns sacrifícios no meio de sua história, tirando o espectador da narrativa. Se não fosse isso, estaria mais à frente.
É um filme com falhas, sim. Mas Homens, Mulheres & Filhos consegue transportar o leitor para dentro de histórias humanas e reais como poucos. Com um elenco diverso -- Sandler, Ansel Elgort, Jennifer Garner, Emma Thompson, J. K. Simpson --, o longa-metragem consegue ir fundo em temas complexos, transitando entre os dilemas da adolescência e a responsabilidade, por vezes exagerada, dos pais. Pena, porém, que alguns arcos de personagens são totalmente deixados de lado. Se não fosse por isso, seria um filmaço.
Obrigado por Fumar, primeiro filme de Jason Reitman, ainda mostra algumas fragilidades narrativas e de direção. Mas, ainda assim, é um filmaço. Com Aaron Eckhart inspiradíssimo, ele conta a história de um advogado que luta pelo direito dos fumantes nos Estados Unidos -- tema, até, que reverbera um pouco em sua estrutura ao Amor sem Escalas. Curiosamente, porém, o filme consegue reverter expectativas e, ao invés de criar uma filme sobre a indústria do cigarro, acaba se tornando uma história sobre pessoas e organizações que querem ditar o que as pessoas devem fazer. Falta ainda para ser o grande filme de Reitman, mas merece a segunda posição.
O filme tem cotação baixa nos principais sites de nota do público. Afinal, o título Amor sem Escalas engana e a maioria das pessoas acha que vai encontrar uma comédia romântica banal com George Clooney e Vera Farmiga. No entanto, Reitman construiu um filme quase perfeito sobre a solidão, o medo da velhice e as falhas existentes no amor. George Clooney está sensacional e consegue criar um personagem que salta da tela. Isso sem falar no humor muito bem encaixado. É profundo, é complexo, é divertido, é bem feito, bem dirigido e bem atuado. É o melhor filme de Reitman -- de longe.
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