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Giulia Costa

Crítica: 'Link Perdido' surpreende com enredo recheado de críticas sociais


Link Perdido conta a história de Sir Lionel Frost, explorador que se busca criaturas mitológicas, mas que não é levado a sério pela comunidade científica. Sua maior ambição é entrar numa sociedade de exploradores liderada por Lord Piggot-Dunceby, mas sempre falha por não ter provas de que as criaturas fantásticas são reais.

Sua última chance de fazer parte do seleto clube de exploradores jaz na possibilidade de comprovar a existência de uma lenda pré-histórica metade homem, metade macaco: o Pé Grande (apelidado carinhosamente de Senhor Link pelo protagonista). O que Sir Lionel não esperava era que aquela criatura primitiva não apenas era muito mais “desenvolvida” do que ele esperava, como também precisava muito de sua ajuda.

A mais nova animação da Disney foi dirigida por Chris Butler, famoso por seu trabalho em Paranorman. No estilo stop-motion, o longa-metragem conta com cenários muito bonitos e coloridos, além de personagens com caracterizações cheias de detalhes divertidos, como os membros desproporcionais de seus corpos e os narizes vermelhos. O trabalho técnico é fantástico, exceto por algumas transições bruscas que parecem ter sido feitas por não haver uma ideia mais eficiente para dar continuidade à história.

O enredo é simples, mas eficaz, e prende a atenção do público do começo ao fim, além de ser engraçado, cativante e repleto de críticas sociais. Algumas piadas entre Lionel e o Senhor Link podem ser repetitivas, mas a maioria funciona e a relação entre ambos rende cenas adoráveis. Outro relacionamento importante é o de Lionel e sua ex-namorada, Adelina, personagem feminina forte e decidida que se torna essencial para a trama ao ajudar o protagonista e o Senhor Link a conquistarem seus objetivos.

Temas como o machismo, o conservadorismo da elite, o conceito de família e quebra de estereótipos estão bastante presentes no longa. Embora não haja um grande aprofundamento nessas questões, as mensagens transmitidas são claras e é muito bom ver um filme infantil que trate de temas importantes para a sociedade.

O filme também desafia a concepção de “evolução” adotada pelo ser humano. Quem seria mais evoluído de fato: o Senhor Link, uma criatura considerada primitiva que anda sem roupas, mas que foi capaz de aprender sozinho a linguagem humana e é gentil com todos; ou Lord Piggot, um aristocrata que tenta impedir o progresso da ciência simplesmente para não perder seu prestígio social?

É notável também o amadurecimento dos personagens ao longo da história, especialmente no caso do Sir Lionel, que também foge da imagem idealizada do herói clássico. O protagonista, embora corajoso e com uma mentalidade a frente do seu tempo, é bastante presunçoso e até egoísta, mas sua amizade com Link e Adelina o tornam uma pessoa melhor. O personagem mostra que não é preciso ser perfeito para realizar grandes feitos e ajudar ao próximo.

Link Perdido é um filme encantador e com certeza seu maior trunfo foi a capacidade de passar mensagens que estimulam debates profundos e socialmente pertinentes em um filme infantil. Os fãs de animações da Disney com certeza devem conferir.

 

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