Danilo Gentili, como é notável, não é partidário do “politicamente correto”. Em seu programa no SBT, o humorista faz piadas com o que vem à mente, sem estribeiras. Não é à toa que já carrega alguns processos nas costas e conta com alguns inimigos declarados. Agora, ele sai ainda mais dos trilhos com a comédia nacional Como se tornar o pior aluno da escola, que conta com um elenco estrelar e brincadeiras que devem chocar os espectadores mais puritanos.
Livremente baseado no seu livro homônimo, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola conta a história de um rapaz (Daniel Pimentel) sempre correto nos estudos, mas que colecionou várias notas ruins no último ano. Desesperado, ele encontra um livro escrito por um antigo aluno (Gentili) que ajuda a burlar leis e a se dar bem na escola. Assim, junto com um amigo (Bruno Munhoz), ele tentará se safar de seus problemas escolares e enfrentar o diretor Ademar (Villagrán).
Como esperado, o filme é um desfile de situações politicamente incorretas: desde piadas com pedofilia até sexualização precoce de adolescentes e escatologia. Em certo momento, por exemplo, os dois meninos entram numa festa da Playboy, enchem a cara de bebida e ainda contam com as primeiras experiências com mulheres -- extremamente sexualizadas, como é de se esperar nesse tipo de filme. E apesar das tentativas desesperadas do fraco diretor Fabrício Bittar, nada disso causa riso.
Aliás, em recapitulação, apenas um punhado de cenas causaram riso sincero -- duas com Moacyr Franco, que faz uma espécie de zelador da escola, algumas com Villagrán (o Quico, de Chaves) e apenas uma com Gentili e a dupla de estudantes. De resto, há um exagero de situações que tiram o espectador da história e faz repensar qual o objetivo daquele filme. A necessidade de chocar também afasta os espectadores e mostra que o exagero não é uma boa arma na comédia.
As atuações também estão fraquíssimas. Dos principais, só Moacyr Franco e Villagrán se salvam -- ainda que o mexicano tenha momentos de diálogos ininteligíveis por conta do seu forte sotaque. Danilo Gentili dá vergonha em cena. De verdade. Daniel Pimentel é péssimo como Pedro, o protagonista. Falta carisma, falta força interpretativa. Um desastre total. Só o estreante Bruno Munhoz que parece ter mais talento para a atuação, ainda que falte uma melhor direção.
De pontos positivos, apenas a edição -- que faz brincadeiras divertidas com desenhos -- e as participações especiais de artistas inesperados, como Rogério Skylab, Raul Gazola e Joana Fomm. Até mesmo a trilha sonora, baseada inteiramente em inspirações no rock, tem problemas: em alguns momentos, ela fica muito mais alta que os diálogos e não dá para entender o que está sendo dito em cena -- como numa perseguição à uma van. Faltou um cuidado no design de som.
No final, pouco salva de Como se Tornar o Pior Aluno da Escola. Além das participações especiais, da edição e de Moacyr Franco, o restante do filme está pronto para ser jogado no lixo -- incluindo a péssima mensagem final, que desmoraliza qualquer tipo de ensino. Quer fazer um filme politicamente incorreto? Faça, mas antes veja Ted ou qualquer um dos filmes de Sacha Baron Cohen. Afinal, até para chocar é preciso de certa sutileza. Neste filme, com certeza, não há.
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