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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Terra Selvagem’ é filmaço que une drama, thriller e crítica social

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Nos últimos anos, o norte-americano Taylor Sheridan tem se mostrado como um excelente roteirista: numa tacada só, levou aos cinemas as histórias Sicario e A Qualquer Custo -- os dois com alguma indicação ao Oscar. Agora, ele resolveu tomar controle de todo o centro de produção com Terra Selvagem, novo thriller escrito e dirigido por Sheridan que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 2.

Desta vez, Sheridan abandona o cenário desértico e caminha para outro extremo do clima: a neve. Aqui, ele conta a história de Cory (Jeremy Renner), um caçador que sofre a dor de perder um filha e passa a viver num sofrimento sem fim numa terra gelada e marcada pela morte de seu povo nativo. Sua vida, porém, dá uma guinada após descobrir o corpo de uma outra menina na região.

A partir daí, a história de Sheridan ganha contornos densos de um suspense, com a vinda de Jane (Elizabeth Olsen), oficial do FBI, para a região do crime. É a tentativa desesperada de descobrir o que aconteceu na região e lidar com o sentimento de perda nessa sociedade indígena que enfrenta um luto eterno. E tudo, é claro, recheado da crítica social já habitual de Sheridan em seus filmes.

Sendo assim, Terra Selvagem possui três pontos a serem analisados: o drama, o suspense e a crítica social. Vamos ao primeiro. O drama é intenso, como em qualquer outro filme que foi roteirizado por Sheridan. Renner consegue imprimir um sofrimento latente e muito real para seu personagem, combinando com o ar gelado, brutal e sem afago que o ambiente ao redor cria para a película.

A crítica social, apesar de menos intensa do que em A Qualquer Custo, também é muito interessante: mostra uma sociedade marcada pela violência e que ainda é esquecida. Uma ou outra frase do filme, de forma discreta, também dá pequenas cutucadas na sociedade -- como o momento em que a oficial Jane pede ajuda para uma investigação e o xerife diz que ali eles agem por si só.

O único ponto mais fraco do roteiro é o suspense. Mesmo sendo interessante ver um thriller se desenrolar em meio ao gelo claustrofóbico -- como já foi visto em Fargo, em Sangue no Gelo e vários outros filmes --, falta intensidade de suspense. A investigação não avança de forma clara, obrigando que o filme revele detalhes quebrando a narrativa e deixando tudo didático.

O saldo final do roteiro de Sheridan, porém, é extremamente positivo. Logo teremos uma análise completa dos roteiros dele aqui no Esquina.

Quanto à direção do norte-americano: é surpreendente, mas ele ainda é melhor roteirista do que diretor. Depois de estrear, em 2012, com o péssimo Vile, ele mostrou que tem bem mais segurança e experiência. Com uma mão firme, ele consegue imprimir um bom ritmo ao filme e tira boas atuações de Olsen, Graham Greene (que faz o xerife) e, principalmente, Renner, que assume o papel de protagonista.

Ainda assim, porém, difícil não comparar sua direção com Denis Villeneuve e com David Mackenzie, responsáveis por dar vida aos seus outros dois roteiros. Ele ainda precisa correr atrás para chegar perto do nível dos diretores, dando mais vigor em sua direção e sabendo mesclar melhor os gêneros que ele tão bem sabe criar em seus roteiros. Falta um pouco de inventividade.

No final, porém, Terra Selvagem ainda é um filmaço. Daqueles que você sai do cinema e o filme, insistente, não sai de você em momento algum. Taylor Sheridan, nos últimos anos, tem mostrado seu potencial e agora começa a consolidá-lo de maneira ainda mais sólida e completa. Agora, é continuar de olho em sua carreira. Nos próximos anos, a qualidade só deve aumentar.

ÓTIMO

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