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Foto do escritorMatheus Mans

Crônica: 'Duas de Mim', Latino e a melhor coletiva da minha vida


Saí da exibição do filme Duas de Mim, estreia de Cininha de Paula nas telonas, com uma dúvida: o filme era bom? Afinal, mesmo não se levando a sério, o longa tinha momentos de humor genuíno, beirando o surreal, e que me fez dar gargalhadas como há tempos eu não dava. Fiquei com a dúvida até chegar à coletiva de imprensa: depois de me desencontrar com o elenco inteiro no elevador, vivenciei uma das coletivas mais interessantes da minha vida. Acredite.

Sentados na mesa, o cantor Latino, as atrizes Letícia Lima e Thalita Carauta, a diretora Cininha de Paula e a produtora Iafa Britz. Todos bem reconhecidos, mas cada um em uma área diferente. Latino, com seu jeito irreverente, dono de sucessos como Festa no Apê. Letícia com seu passado de Porta dos Fundos e Thalita com o Zorra Total. Cininha, é claro, responsável por Sítio do Pica-Pau Amarelo e Toma Lá Dá Cá. E Iafa que já foi produtora de Se Eu Fosse Você.

Todos juntos para falar sobre o novo filme que chega em breve aos cinemas, Duas de Mim. Na trama, Suryellen (Thalita) é uma mulher do subúrbio do Rio que precisa enfrentar os desafios da vida. Cansada, e sem a ajuda da mãe (Maria Gladys) e da irmã (Letícia Lima), ela consegue arranjar um bolo mágico e criar uma cópia de si mesma. Com isso, então, sua vida dá um salto: entra numa espécie de MasterChef, agiliza a entrega de marmitas e engata um romance com Chicão, um cover do Latino interpretado pelo próprio Latino.

O resto fica pra crítica, que sai em breve aqui no Esquina. Voltemos à coletiva: Cininha de Paula começou os afazeres séria, sem muito espaço pra piadas ou gracejos. “É um filme importante para o atual momento por conta de sua força feminina”, defende a diretora que faz sua estreia nas telonas. Letícia Lima fez coro à cineasta: “é um filme com a mensagem totalmente feminista. Mostra, inclusive, como é importante falarmos sobre aspectos como a sororidade”.

Logo em seguida, Latino. Após a mensagem feminista do elenco, o cantor emenda: “mulher fala três vezes mais que homem”. Nisso, a ex-Porta dos Fundos rebate: “então a gente fala nove vezes, já que homem fala três”. Foi o que bastou. Latino se soltou e relembrou os tempos em que era ajudante geral num restaurante nos EUA e quando trabalhou com David Copperfield. Depois, revela que precisou deixar 20 dias da sua agenda reservados para o filme. “E faço oito shows por mês”, exclama.

Depois disso, a coletiva entrou numa espiral de bons momentos, sucedendo um atrás do outro. Cininha disse que só casou com suburbanos do Rio de Janeiro e pediu perdão para Wolf Maya por isso. A espirituosa Letícia Lima teve alguns outros bons momentos, como quando disse que ficou encantada com o subúrbio do Rio de Janeiro, onde o filme foi rodado. “Lá ainda tem açougue”, exclamou.

O grande momento da coletiva, porém, foi o final: após Cininha responder questões sobre os processo de execução do filme, Latino foi questionado. “Como foi o desafio de atuar?”, perguntou um jornalista. Ele começou a dissertar sobre sua experiência até que Cininha alertou que uma cena de sexo no filme, envolvendo Latino, foi feita sem dublês. O cantor, então, fez uma brincadeira com sua esposa na plateia e disse: “coletiva de imprensa boa é assim: termina em sexo.”

Após estrondosa gargalhada dos jornalistas presentes e um momento de graça do Latino, vi como qualquer filme -- inclusive uma comédia nacional, que tinha tudo para entrar em uma enxurrada de outras produções do gênero -- tem um motivo para ser visto e apreciado. Do outro lado da telona, tem uma equipe que trabalhou sério para aquilo e se empenhou para o resultado ser, no mínimo, interessante. E que, sem dúvidas, está apaixonada por aquilo que fez. E a minha opinião final sobre Duas de Mim? Fique de olho aqui no Esquina! Logo sai a crítica completa.

Mas já aviso: por mais diferente e inesperado que isso seja, Duas de Mim me fez olhar para o cinema nacional de outro jeito.

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