Antes de tudo, quero ressaltar aqui: Zumbilândia: Atire Duas Vezes não é ruim, ao contrário do que o título acima pode sugerir. A sequência do aclamado filme de zumbis faz rir em alguns momentos e tem o agradável tom de descontração que fez o primeiro longa-metragem se tornar um sucesso. No entanto, é inegável. As piadas, os personagens e algumas situações parecem presas ainda no filme de dez anos atrás.
Dirigido novamente por Ruben Fleischer (recentemente visto em Venom), Zumbilândia: Atire Duas Vezes volta a acompanhar a rotina da "família" Tallahassee (Woody Harrelson), Columbus (Jesse Eisenberg), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) num mundo pós-apocalíptico e infestado de zumbis. O ingrediente diferencial, agora, é que mais pessoas são vistas e encontradas, indo além de Bill Murray.
Aparentemente, Fleischer quis usar essa continuação para engrandecer a franquia, com mais personagens e ambientações, sem perder o atrativo do humor rápido. De fato, essas duas coisas acontecem na tela. É possível ver um Zumbilândia mais intenso e cheio de ramificações. As coisas se complicam por causa de relacionamentos que avançaram, brigas que se cristalizaram. São pessoas, afinal, que viram o tempo passar.
Mas, ainda assim, fica um questionamento sobre a manutenção do humor da franquia. Será que as piadas de Zumbilândia ainda servem numa sociedade 10 anos mais velho? O que se vê é que algumas piadas funcionam de fato, ainda mais com um Woody Harrelson (Assassinos por Natureza) se divertindo sem pudores na tela. No entanto, há muita coisa no roteiro de Dave Callaham, Rhett Reese e Paul Wernick que se perde.
Zumbilândia: Atire Duas Vezes aposta na piada batida de uma mulher loira, patricinha e burra. Na pré-estreia do filme, no qual o Esquina foi convidado, muitas pessoas na sala riram, gargalhavam, perdiam o ar. Mas sinto que é uma graça parecida com a do anão em Coringa. Será que ainda precisamos disso? Será que o mundo ainda precisa rir de estereótipos, clichês? Por mais que a do anão seja pior, piada da loira burra é saturada.
O novo longa-metragem de zumbis, assim, avançou, mas ficou parado. É uma dualidade interessante e que vai ficando mais clara conforme o longa-metragem avança para a conclusão. Até mesmo os efeitos, dessa vez mais digitais do que práticos, fazem o longa perder em impacto. Uma cena envolvendo uma caminhonete matando zumbis, por exemplo, parece ser retirada de um jogo de Playstation 3. É falso, pouco crível, fraco.
Do elenco, só Harrelson se diverte. Stone (La La Land) parece estar lá por obrigação.
Fleischer, porém, tem algumas boas sacadas. A última cena do longa-metragem, que traz de volta um "personagem" muito querido, é hilária. E há um plano-sequência, lotado de efeitos especiais, que diverte e empolga -- por mais que os problemas persistam. E as lutas com zumbis, no geral, são bem divertidas. Assim como as classificações de Jesse Eisenberg, que parece estar preso eternamente em seu papel de A Rede Social.
Zumbilândia: Atire Duas Vezes, dessa forma, é um filme que fará muita gente se divertir e sentir uma nostalgia gostosa. Mas é inegável. É um longa-metragem que tentou avançar, mas as amarras do passado são mais fortes. Andou alguns quadradinhos em direção ao humor mais inteligente, e ainda assim engraçado. No entanto, parece persistir em procurar graça em algumas coisas que só faziam rir, de fato, lá em 2009.
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