Que bagunça mais decepcionante é Vozes e Vultos, longa-metragem exclusivo da Netflix que chega ao catálogo da plataforma nesta quinta-feira, 29. Dirigido pela dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini, de Anti-Herói Americano e O Diário de uma Babá. O grande problema aqui, evidente a cada minuto de longa-metragem, é a falta de sintonia entre história e direção.
Na história, afinal, acompanhamos o dia a dia de um jovem casal se muda da cidade grande para uma fazenda numa cidadezinha próxima de Nova York, longe de tudo e de todos. As coisas começam a degringolar quando o casal percebe que o novo lar é amaldiçoado pelo antigos donos, mortos na casa, e o casamento dos novos donos também escancara os seus problemas.
Obviamente, não é problema misturar terror com outros gêneros. Só para falar de exemplos mais recentes, A Bruxa conseguiu unir drama histórico com horror e À Espreita do Mal, também da Netflix, misturou o horror com o suspense -- gêneros que praticamente são irmãos no cinema. Mas Berman e Pulcini não souberam dosar isso ao longo das duas horas de projeção.
Há entidades mexendo cadeiras e fazendo facas caírem no chão, há suspense com a investigação da esposa (Amanda Seyfried) sobre o passado da casa, há drama no casamento dela com o marido (James Norton) sempre tentado a traí-la. Isso sem falar de uma trama pesada sobre bulimia da protagonista, que não evolui e acaba se tornando um desserviço.
A sensação é de que o filme nunca engata a segunda marcha, ficando sempre em um compasso de espera. Nem mesmo a entrega de Seyfried (Mank) ajuda o longa-metragem a decolar, ficando quase sempre no "quase". Quem busca um horror, vai se incomodar com o drama excessivo. Quem quer drama, certamente vai se incomodar com o horror banal, quase juvenil, da produção.
Fica a impressão de que Vozes e Vultos poderia ser uma daquelas histórias de horror que misturam dramas familiares com o medo a cada esquina, a cada história do passado -- como Os Outros, A Casa Sombria e outras do gênero. Dá pra se assustar aqui e ali? Claro. Dá pra embarcar na história da família? Também. Mas nada é completo, nada é suficientemente bom.
Também não gostei, faltou engatar, deslanchar.