A Marvel começou a trilhar seu caminho em 2008, quando Homem de Ferro chegou aos cinemas com estardalhaço. Afinal, era a retomada de um estúdio que quase faliu alguns anos antes e que precisou vender algumas de suas principais criações para concorrentes. A coisa, felizmente, deu certo, o público aprovou e a Marvel conseguiu pôr seu plano em prática. Agora, 11 anos depois, a saga chega ao seu fim parcial com o épico Vingadores: Ultimato, que estreia nas salas de cinemas nesta quinta-feira, 25.
Dando continuidade direta ao que foi visto em Guerra Infinita, o longa-metragem acompanha os heróis remanescentes numa missão bem diferente do que ocorreu na história anterior. Desta vez, eles não vão tentar evitar que algo aconteça. Irão, na verdade, tentar reverter a morte -- ou seria esfumaçamento -- de grande parte dos personagens da Marvel. Esse peso, claro, acaba sendo carregado por Thor (Chris Hemsworth), Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Rocket (Bradley Cooper) e outros.
Dessa maneira, só nessa troca de palavras (evitar x desfazer), a trama já se torna bem diferente do que foi visto no filme anterior. Não dá para comparar os dois, já que um é continuação do outro. Se complementam. Mas, ainda assim, são bem diferentes. Enquanto Guerra Infinita se ancora numa narrativa bem simples, mas empolgante em sua essência, Ultimato aposta em algo bem mais complexo: as viagens temporais -- e fique tranquilo que isso não está nem perto de ser um spoiler da história do filme.
Muitas outras tramas do cinema já apostaram nesse subterfúgio e muitas se deram mal. Afinal, basta um errinho de cálculo, uma pequena diferença narrativa, para ter um buraco colossal no meio do longa-metragem. E em Ultimato, há erros. Há um grande furo, uma ponta solta. Errinhos que passaram batidos pelos roteiristas, mas que acabam surtindo efeito em quem está assistindo. No entanto, não dá pra dizer que eles atrapalham a experiência ou que comprometem a história que os irmãos Russo contam.
Afinal, mais do que ser movido por tecnicidades, Vingadores: Ultimato se ancora em algo bem mais profundo e de maior conexão com o público: emoção. Ao longo dos mais de 180 minutos de duração, é possível sentir emoções variadas: alegria, satisfação, angústia, tristeza, preocupação, desespero, alívio. É uma montanha-russa de emoções e que deixa qualquer um imerso na trama. Você torce, sofre, se arrepia. São efeitos que não são causados por qualquer filme. Apenas tramas grandiosas conseguem isso.
Além do mais, Vingadores: Ultimato consegue ir além nas emoções por conta do elenco. Os atores já estão completamente imersos em seus personagens e muitas das emoções que eles passam para a tela acabam reverberando, de maneira direta e verdadeira, no público. Robert Downey Jr. volta a dar um show como Homem de Ferro e mostra como é importante dentro do universo. Chris Evans tem alguns momentos realmente marcantes, principalmente quando passa por dois ou três easter eggs. E Chris Hemsworth finalmente encontrou o tom de seu Thor. É divertidíssimo vê-lo ali, na tela.
O resto do elenco serve mais como suporte ao que é contado, mas tem seu brilho próprio. Rocket Racoon, por exemplo, volta a ser um alívio cômico sensacional em cena, principalmente quando entra em dobradinha com Thor. Os personagens Viúva Negra e Gavião Arqueiro estão bem mais sombrios, bem mais contidos, mas com bom momento.
Vingadores: Ultimato pode decepcionar alguns, que esperam grandes cenas de ação ao longo de todo filme, ou cenas impactantes em todas as três horas. Mas pense bem: se fosse assim, não daria para concluir os arcos de maneira tão satisfatória, não teria como ter tanto cuidado com personagens. É, em suma, um filme grandioso, inédito na história do cinema, e que deve deixar muitos fãs com lágrimas nos olhos. É uma montanha-russa de emoções, sem ser incisivo. É um marco no cinema. É um marco na memória afetiva de quem está acompanhando esta franquia há tanto tempo. Perfeito.
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