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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Velozes e Furiosos 10' é divertido, mas quase perde o timing da piada


Alguém leva Velozes e Furiosos realmente a sério (a não ser Vin Diesel, é claro)? Acho que não. Em seu décimo filme, que estreia nesta quinta-feira, 18 de maio, a franquia já passou por vários momentos: os três primeiros filmes são inconstantes; o quarto é uma bomba que começou a sedimentar os absurdos da saga; quinto, sexto e sétimo são filmes realmente bons; e, por fim, o oitavo e o nono são paródias absurdas da franquia. Até chegarmos em Velozes e Furiosos 10.


De acordo com a Universal Pictures, este é o penúltimo filme da saga -- ainda que, na teoria, seja tal qual Harry Potter e Jogos Vorazes, com um último filme dividido em dois. Mas, recentemente, Vin Diesel já deu a entender que esse último capítulo seria, na verdade, uma trilogia. Assistindo, até dá para entender esse plano absurdo: Velozes e Furiosos 10 é, essencialmente, um filme de hipérboles. E não em relação ao cinema, mas ao resto da saga.


Tudo que vimos até aqui (até mesmo Dwayne Johnson desviando um míssil com a mão) parece pequeno perto de tudo que acontece no novo longa-metragem. Dentre outras coisas, temos uma bomba gigantesca dando uma volta por Roma, personagens lutando na Antártica, carros saltando de aviões e saindo ilesos e, é claro, Vin Diesel salvando o dia -- ele, cada vez mais, se aproxima de uma espécie de figura messiânica, além da nossa mera compreensão humana.

Entrando em detalhes, a trama coloca Dom Toretto (Diesel) enfrentando aquele que deve ser o seu maior inimigo: Dante (Jason Momoa), o homem que ressurge de algum círculo do inferno, como filho do vilão do quinto filme, para se vingar do nosso protagonista. É, sem dúvidas, o mais diferente de todos os vilões: ele é sádico, faz piada com os mortos e parece uma espécie de Coringa dentro do universo de carros tunados. Matar Toretto é seu oxigênio, a sua religião.


É aí que Velozes e Furiosos 10 nos entrega essa trama hiperbólica, em que todos os personagens são colocados à prova -- ainda que o roteiro de Dan Mazeau, Justin Lin e Gary Scott Thompson não saiba o que fazer com vários deles, colocando-os em uma fria (literalmente). É uma salada de histórias e personagens, mas com um propósito único: preservar a família. É o início do fim de uma das sagas mais importantes (pois é...) da história dos blockbusters.


No entanto, como questionei lá no começo, é uma franquia que virou, aos poucos, uma paródia de si mesma. Assim como Gretchen se transformou em seu próprio meme, Velozes e Furiosos também o fez nos últimos anos. As pessoas riem do absurdo, das mentiras, da forma que o filme desafia as leis da física? Vamos desafiar ainda mais, então. Não é à toa que a franquia chegou ao espaço. Era uma mera piada de Twitter que se transformou em realidade, enfim.


Só que não dá para ignorar: Velozes e Furiosos, aos poucos, está perdendo a graça. O semblante de Vin Diesel já não desperta riso, mas cansaço. A cada ronco de motor, a gente só quer que a história chegue ao fim. Tomara que alguma divindade tenha a humildade de soprar no ouvido do protagonista e produtor: "chega". É preciso saber a hora de parar e seguir por outros caminhos. Vin Diesel precisa arranjar outra estrada para correr. Esta está próxima demais do fim.

 

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