São várias as abordagens no cinema sobre corais. Sim, corais. Não aqueles debaixo do oceano, mas os musicais. Os que emocionam. Mudança de Hábito empolgou nos anos 1990 com a história de um afinado coral de freiras. Canção para Marion emocionou com a história da música como transformação. E, agora, surge este bom drama britânico na lista, Unidas pela Esperança.
Dirigido por Peter Cattaneo (Ou Tudo ou Nada), o longa-metragem acompanha os bastidores e o dia a dia da vida de esposas de militares que aguardam contato e o retorno de seus maridos, enviados para guerras no Oriente Médio. Assim, o foco do filme acaba recaindo sobre a líder Kate (Kristin Scott Thomas) e seu inusitado grupo musical, formado quase às pressas na base.
A partir daí, mergulhamos na luta dessas mulheres em fortalecer o coral -- apesar de uma falta de entendimento entre Kate e a presidente da associação de como proceder -- e como o coral vai se desenvolvendo e se tornando uma arma dessas mulheres solitárias e angustiadas contra a depressão de não saberem o que está acontecendo com os maridos do outro lado do mundo.
Cattaneo, assim, acaba dando dois enfoques diferentes. Duas emoções. Por um lado, há toda aquela sensibilização com o drama dessas mulheres, o sofrimento que surge em suas vidas a partir dessas guerras -- sem nunca problematizar tais conflitos, vale dizer. Por outro lado, há a trama do coral em si, como já visto em outros filmes, que aposta numa empolgação nua e crua.
O primeiro ponto até que tem seus méritos, mas nunca vai fundo como deveria ir. Um drama pessoal da personagem de Scott Thomas, assim como uma tragédia envolvendo a personagem vivida por Amy James-Kelly, acabam ficando no raso. Afinal, não dá para ir nas profundezas das dores dessas mulheres se o roteiro ainda precisa se preocupar em tecer a trama do coral.
Isso, é claro, tira pontos do filme -- obviamente, o objetivo não era falar de luto e depressão em um filme musical, mas poderia ter ido além em seus símbolos. O próprio Canção para Marion é mais competente nesse aspecto. Enquanto isso, nada a observar sobre as cenas do coral em si. São certeiras, empolgantes, bem conduzidas. Uma apresentação na TV chega a arrepiar.
Enfim, Unidas pela Esperança é um filme que segue a cartilha dessas histórias sobre a jornada de corais musicais. O drama da angústia das personagens centrais poderia ter sido mais bem trabalhado para dar uma identidade mais certeira no longa-metragem, mas é deixado de lado. Mas tudo bem. Ainda assim, é um bom filme para quem gosta de cantar e se emocionar.
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