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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Um Lugar Silencioso: Dia Um' não consegue trazer nada de novo



Nunca fui um grande fã da franquia de Um Lugar Silencioso. Aqui no Esquina, quando saiu o primeiro filme, ressaltei como era um filme que ousava tecnicamente, mas que faltava emoção -- ainda assim, dei quatro estrelas de cinco. Já no segundo filme, me decepcionei mais: a história se repetia muito e não sabia aproveitar o talento de parte do elenco, como Cillian Murphy. Agora, no novo Um Lugar Silencioso: Dia Um, esse sentimento se repete: pouca novidade e ousadia.


Dirigido agora pelo talentoso Michael Sarnoski (do excelente Pig), o longa-metragem conta a história do primeiro dia em que as criaturas movidas a som atacam a Terra. No centro da trama, uma mulher (Lupita Nyong'o), um simpático gato e um estudante de Direito (Joseph Quinn).


É óbvio que depois de dois filmes mostrando pessoas tentando sobreviver em silêncio enquanto essas criaturas matam por todos os lados, esperamos algo de novo. Algo que realmente surpreenda. A sacada encontrada por Sarnoski é colocar essa história na cidade mais caótica e movimentada do Ocidente: Nova York. Como uma cidade com tantos sons, tantas sirenes, tantos barulhos vai conseguir sobreviver aos monstro que são movidos a som? Essa é a graça do filme.


Mas, após o bom impacto inicial da proposta, Um Lugar Silencioso: Dia Um parece não ter nenhuma novidade a mais para contar aos espectadores. Samira e Eric, esses personagens vividos por Lupita e Quinn, ficando dando voltas e voltas pela cidade, encontrando uma maneira de sobreviver. Nada muito diferente do drama da família Abbott, interpretada no primeiro filme por John Krasinski e Emily Blunt, além dos filmes. É a mesma ideia, mesma tensão.



Nova York pouco se projeta na trama depois de seu começo e, acima de tudo, temos pouco tempo para nos conectarmos com a cidade e com os personagens. Rapidamente os monstros entram na história e começa aquele ciclo de sobrevivência sem barulho. É mais do mesmo.


E não dá para dizer que é impossível inovar em uma história dessa. A franquia Cloverfield está aí para mostrar o contrário: entre erros (O Paradoxo Cloverfield) e acertos (Rua Cloverfield, 10), a saga mostra que dá para mostrar uma mesma história a partir de perspectivas bem distintas. Só mudar o nome dos personagens e a cidade em que vivem não traz nenhuma novidade se os sentimentos são os mesmos, já conhecidos desde 2018. Faltou coragem para criar algo a mais.


Pelo menos o gato é uma boa novidade. Não apenas é um animal-ator impressionante (nunca vi um gato tão bem em tela, de verdade), como traz um elemento de surpresa a mais. Talvez seja o ponto mais criativo de uma história que parece estar confortável em entregar o que já sabemos.


Aliás, é bom termos um parágrafo para falarmos das regras desse universo: Um Lugar Silencioso: Dia Um deixa muita coisa pra trás. Enquanto a família Abbott tinha medo até em pisar no chão fazendo o mínimo de barulho, aqui os personagens falam demais, fazem barulho demais, cochicham demais. O impacto de barulhos ao longo da trama vai ficando cada vez menor, cada vez manos interessante. Isso sem falar da trilha sonora que insiste em aparecer.


E assim, depois de dois filmes medianos, Um Lugar Silencioso entra na seara de franquias que são sugadas até o caroço, trazendo pouca novidade em uma história que começou com originalidade e que, agora, fica dando círculos em si própria, buscando novas maneiras de contar o que já foi contado. Espero que haja mais ousadia e inventividade em Um Lugar Silencioso 3 para encerrar (será?) essa franquia de um jeito que merece de verdade.

 

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