Kya Clark (Daisy Edgar-Jones) é uma jovem que teve uma vida difícil. Apanhava do pai, enquanto viu a mãe e os irmãos irem embora. Ficou para trás, na casinha no meio do pântano. Na cidade, onde todas a viam como alguém que não sei encaixava, a garota, que vivia com roupas sujas e pés no chão, foi apelidada de Menina do Pântano. É a partir daí que acompanhamos sua história, com seus amores e desamores, em Um Lugar Bem Longe Daqui, estreia desta quinta-feira, 1.
Dirigido por Olivia Newman (Minha Primeira Luta), o longa-metragem mostra os dois lados da vida de Kya. Primeiramente, um crime que chega de maneira avassaladora em sua vida, quando é acusada de assassinar um rapaz que fazia parte de sua vida. Começa, assim, uma batalha judicial que dá o tom do filme, com a tensão do futuro da garota em xeque. Do outro, um romance mal resolvido e, ainda, ornamentando isso tudo, flashbacks sobre o seu passado.
De romance água com açúcar, batido e sem vida, Um Lugar Bem Longe Daqui não tem nada. O texto de Lucy Alibar, que assina o roteiro, é vigoroso e maduro. Não há penduricalhos que tiram a atenção do longa-metragem ou que deixam ele bobinho demais, como é típico em romances de Nicolas Sparks, por exemplo. É um romance pé no chão. O amor está ali, mas também existe o desamor, desencontro, decepção, desespero. Leva verdade para a trama, assim como tensão.
Daisy Edgar-Jones (Normal People) é outro acerto. Em boas trocas com atores do calibre de David Strathairn (Boa Noite e Boa Sorte) e Sterling Macer Jr. (Dragão: A História de Bruce Lee), a jovem atriz mostra que veio para ficar. Ela sabe como transitar entre emoções e, sobretudo, entre o amor e a decepção. Dá força para o longa-metragem e os contrapontos ao romance da personagem com os jovens Tate (Taylor John Smith) e Chase (Harris Dickinson) ganham força.
No final, a mistura entre as histórias de Nicolas Sparks (principalmente Diário de uma Paixão) com algo mais robusto, que transita entre o drama familiar e o de tribunal, faz com que Um Lugar Bem Longe Daqui seja um filme maduro. É um romance que, com signos inusitados para os padrões do gênero, acerta e deixa o espectador preso na história por mais de duas horas, sem cansar. Para os fãs de bons romances, fica a certeza de que, aqui, não vai se decepcionar.
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