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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Um Homem Fiel' é mais do mesmo de Louis Garrel


Era um dia normal na vida de Abel (Louis Garrel), um jornalista francês. Até que Marianne (Laetitia Casta), sua namorada, anuncia que está grávida. Mas não dele: é de Paul, melhor amigo do casal. Essa é a deixa para que o relacionamento dos dois chegue ao fim, já que ela decide morar com o pai de seu filho. Oito anos depois, porém, Paul morre e todo o sentimento, até então adormecido, renasce entre o ex-casal. E com um grande diferencial na equação: a presença de Eve (Lily-Rose Depp) na vida de Abel. Esta é a trama de Um Homem Fiel, produção francesa que chega ao Brasil nesta quinta, 4.

O filme é o segundo longa-metragem dirigido por Garrel (Dois Amigos), que parece estar cada vez mais tomando gosto pelas histórias que seu pai conta no cinema. Há pouquíssimas diferenças na essência da história se comparada com filmes recentes de Philippe Garrel, como À Sombra de Duas Mulheres e Amante por um Dia. Só colocar na equação triângulos amorosos, cigarros, traição e algumas reviravoltas na vida amorosa de cada um dos personagens principais. Voilá, já tem uma trama dos Garrel.

Assim, pode-se dizer que Um Homem Fiel é um filme feito sob medida para quem gosta da mesmice dessas histórias francesas. Não há elementos que chamem mais a atenção do que outros. Garrel parece uma reprise desses mesmos filmes citados: um homem romântico em busca do amor verdadeiro. Não há grandes arroubos interpretativos por parte do astro francês aqui. Só a dupla Laetitia Casta (A Negociação) e Lily-Rose Depp (Além da Ilusão) que acaba por elevar um pouco mais a trama. Ambas estão bem.

Como diretor, Garrel não é extremamente original, mas faz o arroz com feijão bem. Traz algumas belas imagens de Paris e sabe explorar a ambientação de seus personagens. Isso sem falar que é interessante a atenção que ele e o roteiro escrito em conjunto com Jean-Claude Carrière (A Insustentável Leveza do Ser) dá para a sexualidade feminina. Apesar de ser bem mais interessante quando mulheres falam sobre isso, a dupla sabe abordar o tema sem clichês básicos que o tema comporta no cinema.

A relação tempestuosa entre Abel e Marianne também tem algo além. Sabe a trilogia de Antes, de Richard Linklater? Parece algo assim. As coisas nunca estão favoráveis ao casal e é interessante perceber como eles se comportam frente à isso. Pena que o roteiro não faz proveito de diálogos mais rápidos e inteligentes, ficando preso apenas à introspecção. Um pouco mais de ousadia, aqui, poderia resultar em algo menos ameno.

Em resumo, enfim, Um Homem Fiel é um filme que vai agradar por quem busca mesmice nesse tipo de filme francês -- assim como há pessoas que buscam a mesmice nos filmes de Woody Allen, de Tarantino, etc. Há um público para isso que, sem dúvidas, vai ficar feliz. No entanto, não dá para deixar de notar uma repetição no estilo de Garrel, que parece herdado diretamente de seu pai. São histórias semelhantes e abordagens tão parecidas quanto. Poderia ter ido um pouco além e ousado de acordo com sua idade.

 

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