O México, muitas vezes, é lembrado por sua dramaturgia exagerada. Reflexo de anos e anos de exibição das exageradas novelas no SBT. No entanto, ao longo dos últimos anos, o cinema mexicano tem se reinventado e mostrado que está bem distante disso -- não é à toa que Iñarritú, Del Toro e Cuarón, todos mexicanos, marcaram presença constante no Oscar dos últimos anos.
No entanto, a Netflix lançou nesta quarta-feira (20) um filme que nos faz relembrar todo o passado exagerado e desproporcional da dramaturgia mexicana. Um Emprego de Verdade, comédia original do serviço de streaming, é daquelas histórias que, de tão exageradas, passam o ponto do humor e se encontram num limbo de vergonha alheia e total falta de interesse.
Na trama, conta-se a história de Omar Buendía (Gustavo Egelhaaf), um homem que não quer responsabilidades. No entanto, um problema de saúde de seu avô o obriga a procurar um emprego decente para que possa pagar pelo procedimento médico necessário. É aí que ele tem a maior descoberta da vida e passa a ser um profissional de desenvolvimento de apps. Pois é.
E aí surgem todas aquelas histórias bobas de desenvolvimento pessoal, mercado de trabalho e essas coisas todas. Afinal, é claro, Omar é um cara esforçado, que só quer o bem, mas seus dois superiores acabam se revelando pessoas terríveis e por aí vai. Nada de novo no front mexicano.
Dirigido por Carlos Morett, estreante em longas, Um Emprego de Verdade até começa com uma premissa interessante e um estilo simpático -- ainda que batido. Dá para se entreter e até simpatizar, sob determinados limites, com o protagonista fanfarrão. No entanto, rapidamente, as coisas vão desandando. Um ás da programação? Chefes bizarramente malignos e perigosos?
São coisas que vão fugindo do escopo de brincar com a realidade e com as figuras que nos cercam. Teria sido muito mais interessante se a comédia fosse a partir de tipos modernos dos escritórios e startups -- principalmente puxando graça deste último ponto. Teria sido muito mais interessante, divertido e fácil de relacionar com a realidade de qualquer outros país do mundo.
E o final... A conclusão de Um Emprego de Verdade é uma das coisas mais descabidas e mal dirigidas que já vi na Netflix. Foge completamente da proposta inicial do filme, não resolve várias problemáticas. É uma bagunça. Em determinado momento, o protagonista faz piada com os filmes de Eugênio Derbez, que são ruins de fato. Mas este filme consegue ser pior. Muito pior.
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