Louise (Alma Pöysti) é uma enfermeira que está tocando sua vida no hospital quando Artan (Alexej Manvelov), seu ex-marido, invade o local. O motivo? Ele a ameaça com uma arma e, violento, diz que só a libera quando ver a filha pequena -- que ficou sob custódia da mãe. Esse é o ponto de partida do bom thriller sueco Um Dia e Meio, estreia desta sexta-feira, 1, na Netflix.
Dirigido e roteirizado por Fares Fares, que também é um dos protagonistas como o policial Lukas, o longa-metragem inicialmente parece que vai seguir o caminho de Um Ato de Coragem, filme com Denzel Washington em que ele sequestra pacientes em um hospital para conseguir o transplante de coração do filho. Só que, aqui, as coisas rapidamente mudam de cenário.
Artan libera todos os reféns -- fica só com a companhia de Lukas e da ex-esposa. Logo mostra qual é seu objetivo: ir até a casa dos sogros, pegar a filha e fugir. Dentro de um carro quase todo o filme, Artan tem pouco a fazer fisicamente. O personagem fica restrito em termos de espaço e, por isso, precisa apostar no drama. Seu personagem sofre e deixa isso muito claro em cena.
É importante destacar as boas atuações de Alma (A Vida de Tove Jansson) e Alexej (Jack Ryan), que se entendem nesse espaço limitado e convencem o espectador. Fares está bem, mas nada espetacular: é um personagem que mais atravanca a narrativa do que realmente a faz andar.
Um Dia e Meio, aliás, é mais um filme que sofre com um segundo ato ruim: sem saber muito como seguir a história, Fares acaba exagerando no tom rocambolesco da coisa. Fica dando voltas e voltas em si próprio e pouca coisa é revelada -- tirando a cena com os sogros, a melhor coisa do filme, já que também acrescenta um contexto xenófobo importante na narrativa.
Aliás, esse contexto poderia e deveria ser mais bem trabalhado. O longa-metragem da Netflix encontra espaço apenas nesse encontro com os sogros, mas poderia ter ido muito além.
No final, Um Dia e Meio se revela como um bom filme. É maduro em criar tensão, sabendo como inserir o drama de seus personagens na tela, e também faz com que o espectador fique preocupado com aqueles personagens em uma situação tão intensa. Poderia ser mais esperto aqui e ali, mas tudo bem: o filme é um bom passatempo e conta uma interessante história real.
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