O termo "clássico", no cinema, é algo extremamente delicado. Quase um tabu. Quando chamar um filme de clássico? Quanto tempo precisa passar para que uma produção seja coroada com esse termo? Não há consenso, mas há muita discussão. Por isso, Um Clássico Filme de Terror já começa com o pé esquerdo. Qual é esse clássico? É o filme em si? Ou é inspirado em clássicos?
Qualquer uma das opções é realmente ruim. Afinal, de um lado, há uma pretensão absurda. Quase irreal. De outra, que é o mais possível, falta originalidade. E é exatamente isso que sentimos ao longo da projeção de Um Clássico Filme de Terror, da Netflix -- estreia desta quarta, 14. Não há nada, absolutamente nada, que soe como criativo, original ou fresco nessa produção.
Com direção dos italianos Roberto De Feo e Paolo Strippoli, o longa-metragem é apenas uma mistura de Midsommar com O Segredo da Cabana -- sem a força do primeiro, que também tem uma forte inspiração em O Homem de Palha, e sem a graça e a originalidade do segundo. Fica só perdido entre dois hemisférios, tentando fazer piada com as tramas de terror, mas sem sucesso.
Com isso, cria-se uma metalinguagem forçada, sem graça. Os personagens fracos, com atuações medianas de nomes como Matilda Anna Ingrid Lutz (de Vingança, também com certas similaridades) e Francesco Russo não contribuem para o quadro geral, gerando ainda mais desinteresse. Faltou uma Florence Pugh ou um Chris Hemsworth, para ficar na comparação.
Há a sensação, assim, de mais um filme da Netflix que tenta forçar a barra para ser descontraído, divertido, brincando com uma metalinguagem que, no fundo, nem ao certo sabem se existe. A ideia é boa, sim, o que justifica as duas "esquinas" logo abaixo. Mas poderia ser muito, muito melhor, até mesmo brincando com o tal "pós-terror" -- que de "pós" não tem nada.
Nada foi falado sobre a estética do filme e sobre a trilha. Dois pontos de destaque importantes desse filme.
Crítica