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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Um Amante Francês' é remake desnecessário


O mexicano Eugênio Derbez parece estar se tornando queridinho na França. Depois de ter o bom Não Aceitamos Devoluções adaptado para um drama com Omar Sy, o ator latino vê agora o péssimo Como se Tornar um Conquistador ganhar uma refilmagem no País de Napoleão Bonaparte. Um Amante Francês é um remake que segue a cartilha do original e evita, apenas, que tosquices do longa-metragem original retornem à vida.

Dirigido por Olivier Baroux (Entre Amis), o filme conta a história do gigolô Alex (Kad Merad). Aproveitador, ele é um marido profissional. Ainda jovem, conheceu uma idosa rica e aproveitou para se aproximar e viver a boa vida sem ter que se esforçar. No entanto, um gigolô mais novo -- e mais bonito -- acaba tomando o seu lugar. A partir daí, Alex precisará rever a irmã (Anne Charrier) e se aproximar do sobrinho (Léopold Moati).

O humor forçado, quase sem graça, está presente como no original. Kad Merad (A Voz do Coração) se esforça com um humor escrachado, por vezes quase escatológico. Deve agradar públicos específicos, enquanto quem busca o genuíno humor francês vai se decepcionar um pouco. Não há sutilezas, não há cuidado. Tudo é muito brusco, muito "direto ao ponto". Não há nada entre essas bizarrices e o espectador para aliviar.

No entanto, há melhorias. Baroux trabalhou mais no personagem de Alex, fazendo com que se torne um pouco mais interessante. Merad, também, ganha pontos frente à Derbez -- um péssimo ator que, infelizmente, está ganhando cada vez mais espaço por aí. Ele tem mais consciência de seu personagem e sabe fazer com que algumas piadas, ainda que de mau gosto, funcionem na telona. Uma delas, em específico, é hilária.

Vale ressaltar, também, que encontraram um ator mirim bom para o papel do sobrinho. Afinal, ainda que o original Raphael Alejandro seja fofinho, ele é um dos motivos para Como se Tornar um Conquistador ser tão ruim. Há zero poder interpretativo ali.

Além disso, Baroux alivio na conclusão tosca do longa-metragem original. Há, claro, um certo humor pastelão que permanece -- e que, de novo, tira pontos. Mas o diretor francês parece ter um pouco mais de noção de ridículo. Piadas ofensivas também foram tratadas ou retiradas. Há, sem dúvida, um pouco mais classe e consciência do que está sendo contado. Por mais que o filme não consiga escapar de uma nota apenas mediana.

Assim, Um Amante Francês é uma comédia boba, nada parecida com o que a França produz na área do riso. No entanto, melhorias com relação ao original fazem com que o riso aparece em alguns momentos e haja, de certa forma, uma melhor compreensão sobre o protagonista. Mas vale lamentar: pra quê fazer remake desse filme? Já não basta Hollywood estar afundada numa crise criativa. A França precisa escapar disso.

 

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