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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Turma da Mônica: Lições' consegue manter a qualidade em trama emocional


Quando Turma da Mônica: Laços chegou aos cinemas, havia uma certa desconfiança ao redor. Afinal, não é simples colocar essas criações de Mauricio de Sousa nas telas, com 60 anos de história nas costas. Como agradar o público mais velho e, ao mesmo tempo, conquistar crianças e adolescentes? Felizmente, porém, o cineasta Daniel Rezende conseguiu fazer tudo isso e muito mais em uma trama sensível e agradável, que agora se repete em Turma da Mônica: Lições.


A sequência, que chega aos cinemas em 30 de dezembro, traz os personagens de Mônica, Cascão, Cebolinha e Magali mais amadurecidos -- estão naquela fase estranha de transição entre infância e adolescência. E muito disso na trama acontece por conta de uma decisão mais do que inteligente de roteiro: ao invés de ignorar o crescimento do elenco mirim, fingindo que ainda são crianças, o texto abraça esses centímetros a mais em prol da história do filme.


Com isso, mais do que uma aventura como vemos no primeiro longa-metragem, acompanhamos aqui um drama de amadurecimento. Turma da Mônica: Lições, ao contar a história de uma briga dos pais de Mônica e Cebolinha, fazendo com que a "baixinha e gorducha" vá para uma outra escola, fala muito sobre o desafio da solidão, da mudança de comportamento e da dificuldade em expressar sentimentos -- o desafio do Cebolinha falar "eu te amo" numa peça, por exemplo.

Isso sem falar de algumas sacadas de roteiro que surpreendem: a compulsão alimentar de Magali deixa de ser um recurso cômico para se tornar uma reflexão sobre ansiedade.


É algo bonito e que o Brasil, em seu cinema, sabe fazer muito bem, como também já mostrou em As Melhores Coisas do Mundo ou até Califórnia. Rezende, novamente reafirmando o seu talento, conseguiu repensar a franquia fora da caixinha. Com isso, também, há uma carga emocional bem mais forte. Giulia Benite, intérprete da Mônica, mostra novamente que sabe como entregar emoção em cena: novamente, ela é o principalmente motor emocional do filme.


Além disso, Rezende também colocou mais ritmo no longa-metragem. Enquanto o outro é bem mais lúdico, este é mais pé no chão -- apesar de todo uso de Romeu & Julieta como uma metáfora narrativa. Isso também acaba refletindo até mesmo nas participações e nos toques "mágicos": ao invés do Louco de Rodrigo Santoro, talvez uma das cenas mais bonitas do cinema em 2019, aqui encontramos Tina (Isabelle Drummond), Rolo e até a professora (Malu Mader).


Enfim: Turma da Mônica: Lições é uma belezinha. Emocionante, bonito, bem dirigido e bem atuado. Tem algumas derrapadas aqui e ali, como um excesso de trilha sonora em alguns momentos, mas o que importa é como há coração no longa-metragem. Fica a torcida para que haja um terceiro filme, assim como há uma trilogia das graphic novels da Turma, e, principalmente, para que a mágica e arrepiante cena pós-crédito se torne uma realidade.

 

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