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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Tudo Por Um Pop Star' é comédia divertida e inofensiva


A escritora Thalita Rebouças está numa fase de bonança. Nos últimos anos, a carioca assinou o roteiro do sucesso de bilheteria É Fada!, com Kéfera Buchmann no papel principal, e a adaptação Fala sério, mãe!, com Ingrid Guimarães e Larissa Manoela como as protagonistas. Agora, a autora de romances infanto-juvenis volta para as telonas com a adaptação do livro Tudo Por um Pop Star, com Maísa Silva, Mel Maia e Klara Castanho.

O longa-metragem, que também já foi um sucesso absoluto como musical nos teatros, conta a história de três amigas: Gabi (Maísa), Ritinha (Mel) e Manu (Klara). Elas são fãs de uma boy band, liderada pelo personagem de João Guilherme Ávila, que vem ao Brasil para um único show no Rio de Janeiro. Para estar na plateia, porém, não vai ser tarefa fácil. Elas precisarão cumprir uma missão imposta por um youtuber (Felipe Neto), pegar carona com a hippie Babette (Giovanna Lancellotti) e sobreviver na cidade maravilhosa.

Obviamente, não há nenhuma trama complexa por trás de Tudo Por um Pop Star. Afinal, é um filme adolescente leve, pra cima, e que quer apenas registrar as loucuras que a paixão adolescente consegue causar. É real e extremamente palpável a jornada do trio de protagonistas, brilhantemente interpretado. Maísa Silva (Carrossel) mostra que cresceu e que não apenas a queridinha de Silvio Santos. Ela segura um sotaque carioca o tempo todo e diverte. Klara Castanho (Chocante) é a mais apagada das três, mas flui.

A cena, porém, é roubada por Mel Maia (Crô em Família), uma verdadeira estrela. Ela consegue chamar a atenção em todas as cenas que o roteiro permite e vai além, com uma boa construção física e de gestos de Ritinha. Difícil não se encantar pela atuação. O youtuber Felipe Neto, por incrível que pareça, não atrapalha e até diverte. Giovanna Lancellotti (Entre Abelhas) também peca num exagero artificial, mas é culpa do roteiro.

Falando em roteiro, aliás, há uma consideração: Thalita Rebouças é muito melhor escrevendo livros do que tramas de filmes. Suas piadas se repetem, há cenas forçadas e muitas sequências não se encaixam. Há também um certo ar rocambolesco em alguns dos trechos, indo além do necessário. Mas o público-alvo, pré-adolescentes em sua maioria, com certeza não vão se incomodar com isso. Pelo contrário: vão continuar em seus mundos, se divertindo, pensando num possível encontra com Justin Bieber e afins.

O que não dá pra perdoar, porém, é a direção de Bruno Garotti (Eu Fico Loko). Ele tem sérias dificuldades para dirigir cenas um pouco mais complexas -- como uma queda na piscina, que se torna vergonhosa -- e não consegue desenvolver os personagens além do roteiro de Thalita, deixando-os extremamente rasos e estereotipados. Não há grandes momentos e tampouco uma personalidade impressa no filme. Contrataram o rapaz, fez o serviço como mandaram e foi embora. De algum jeito, tira brilho do filme.

Ainda assim, Tudo por um Pop Star é um filme leve, divertido, despretensioso e inofensivo, ao contrário de algumas bombas adolescentes que o cinema nacional tem recebido de braços abertos -- como o terrível Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola. Muitos vão se identificar, alguns vão sentir um forte espírito nostálgico. E, sem dúvidas, vão sair de alma leve da sessão, sem preocupações. É uma obra-prima? Longe disso. Mas, afinal de contas, é preciso de alguma leveza no difícil dia a dia. É bom viver nas nuvens.

 

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