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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Toscana', da Netflix, é filme água com açúcar sobre amor e gastronomia


Theo (Anders Matthesen) é um chef de cozinha irritadiço da Dinamarca, coberto de estereótipos da profissão, que precisa ir para a Itália após a morte do pai. O motivo? Ele deixou na herança um castelo, com uma belíssima plantação de produtos locais, para o filho. Agora, Theo precisa ir pra lá decidir o que fazer -- vender, desde o começo, é a principal opção. No entanto, no meio do caminho, está Sophia (Cristiana Dell'Anna). E é aí que se arma a história de Toscana, da Netflix.


Dirigido por Mehdi Avaz (Kollision), que também assina o roteiro ao lado de Nikolaj Scherfig (da série The Bridge), o longa-metragem é uma típica história de amor improvável, sobre a união de duas figuras que se repelem -- a primeira cena de encontro entre Theo e Sophia é repleta de clichês e banalidades românticas, que já vimos a rodo por aí. É claramente um filme de romance de primeira viagem de Avaz, que se vale de todos os signos que já viu nos cinemas por aí.


Theo e Sophia também não são nenhum sopro de originalidade. O chef de cozinha é um mar de estereótipos como um homem ranzinza, que parece não ter amigos ao redor, e que exige perfeccionismo em tudo e todos. Ela, enquanto isso, está mais para aquela garota com certa ingenuidade de um lugar distante, sem qualquer malícia, mas com personalidade forte. Seria difícil listar aqui todas as histórias que falam exatamente sobre esse tipo de personagem.


No entanto, há certa beleza escondida nessa trama água com açúcar. A forma como a gastronomia é introduzida na trama, por exemplo, mostra a força e a importância de produtores locais -- ainda mais na paradisíaca Toscana. Ganha pontos e se diferencia de outros filmes com a mesma história de sempre, como Como Eu Era Antes de Você. E funciona: dá para viajar nas cenas de comida, que poderiam ser mais longas e presentes dentro da história do longa.


Vale dizer, também, que o filme traz, lá no final, um arco dramático interessante para a narrativa sobre a relação de Theo com o pai. Mas, sem dúvida alguma, merecia mais atenção e cuidado.


Além disso, Toscana é um filme inofensivo. Em momento algum, com certeza, diretor e roteiristas quiseram reinventar o gênero ou produzir algo realmente memorável. É o estilo da Netflix dos últimos anos e que tem dado tão errado: produzir filmes aos montes, sem qualquer ponto realmente criativo ou memorável. É bonitinho, um bom passatempo e só. Para as tardes frias da região sul do Brasil nessa época do ano, é um entretenimento mais do que bem-vindo.

 

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