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Crítica: 'Tornado: Joplin em Ruínas' é bom documentário da Netflix

Foto do escritor: Matheus MansMatheus Mans

Assim como em várias outras áreas de nossa vida, o cinema construiu um imaginário ao redor dos tornados -- filmes como Twister, por exemplo, fixaram em nossa mente uma ideia do que é esse fenômeno da natureza, assim como é a experiência de passar por isso. Mas será que é isso mesmo? O cinema, de novo ele, é quem nos apresenta também a visão mais íntima dessa experiência, agora com o bom documentário Tornado: Joplin em Ruínas, exclusivo da Netflix.


Estreia desta quarta-feira, 19, o longa-metragem mostra como foi a passagem de um tornado fortíssimo, em máxima potência, pela pequena cidade de Joplin -- localizada no chamado Cinturão da Bíblia dos Estados Unidos. A ideia é dar dimensão da dor individual de cada um.


E funciona. A diretora e roteirista Alexandra Lacey, fazendo sua estreia como realizadora de longas, escolhe bons entrevistados para falarem sobre a experiência. Um grupo de rapazes em um carro é especialmente interessante. São poucas as imagens filmadas por cada um dos sobreviventes -- afinal, era 2011 e os smartphones estavam bem no começo, com imagens ainda prejudicadas --, mas a potência dos discursos e dos relatos ajudam a dar a dimensão.


Lá pela metade, quando fala sobre o tornado passando pela cabeça dos sobreviventes, Tornado: Joplin em Chamas funciona muito bem. Por meio das chamadas talking heads, o longa-metragem sabe imprimir senso de urgência e sobrevivência -- cá entre nós, um trabalho melhor do que o feito pelo recente Twisters, atrapalhado por tantos efeitos e narrativas.


Talvez seja um dos trabalhos mais competentes em termos de falar sobre a experiência de passar por um tornado de maneira real, sem sensacionalismo. Dá quase para sentir na pele.


É perfeito, então? Não chega a tanto. Tornado: Joplin em Chamas é, afinal, um documentário correto e comportado, que nunca encontra outros recursos visuais e narrativos para agregar na produção além das entrevistas. Aliás, uma ou outra entrevista é mal aproveitada, como é o caso do meteorologista, e outras não fazem sentido, como a criança que finge ser meteorologista.


Fica a sensação de que Lacey poderia ter usado esse tempo para falar com cientistas da área e explicar melhor como aquele tornado se formou -- e também avançar, em algo que aparece só nos créditos finais, como esse desastre poderia fazer parte do processo de aquecimento global.

 

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