O cantor e compositor Luiz Melodia, de Juventude Transviada e Pérola Negra, morreu precocemente em 2017, aos 66 anos, de câncer de medula. Foi uma perda brutal. Afinal, Melodia era uma das vozes mais originais da música popular brasileira, com músicas que transcendiam a banalidade e entregavam poemas musicados, sempre com mensagens potentes e complexas.
E é sobre a obra de Melodia que se debruça o longa-metragem Todas as Melodias, filme exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Marco Abujamra (de Mário Lago), o documentário se propõe a ser uma biografia fílmica do cantor e compositor, mostrando a sua jornada, seus processo criativo, suas relações familiares, suas dores, memórias, alegrias.
Dessa forma, por mais que Melodia tenha sido um músico e um artista excepcional, o filme segue por um caminho burocrático. Conta a história, ainda que não de maneira cronológica, de como Melodia se formou como Melodia. É um filme biográfico, em que Abujamra tenta abarcar vários olhares e sensações ao redor do músico, mostrando-o muito além de seus palcos.
No entanto, vale dizer, o filme não é banal ou esquecível -- como o exibido recentemente no É Tudo Verdade, Os Quatro Paralamas. O cineasta se vale de entrevistas e inserções inteligentes de outros artistas, como Céu, Liniker e Arnaldo Antunes, para amplificar o tom da produção. Arnaldo, aliás, é o ápice do filme, cantando Magrelinha, se emocionando e contando uns causos.
Todas as Melodias, assim, não é um filme sensacional ou fora da caixinha, como era o próprio Melodia. É um pouco engessado e frequentemente volta às bases do cinema documental biográfico. No entanto, a força da história de Melodia, alguns momentos de arquivo bem colhidos e depoimentos enérgicos e emocionantes ajudam a compor um cenário forte e potente.
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