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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'The March on Rome' é mais um grande filme de Mark Cousins


Se há um filme de Mark Cousins em algum lugar, lá estou. Na última terça-feira, 25, foi a sessão de exibição de The March on Rome, documentário de Cousins que está na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O longa-metragem, como é de praxe na obra do cineasta, fala sobre cinema. Só que, desta vez, com um tempero a mais: analisando o fascismo.


O longa-metragem analisa a ascensão do fascismo italiano. Primeiramente, olhando para detalhes e curiosidades do filme documentário A Noi, de Umberto Paradisi, um filme de propaganda sobre a caminhada dos camisas-negras fascistas à capital da Itália. Cousins faz um ensaio observando como o filme foi pensado, feito e editado -- até com seus deslizes e erros.

Depois, há dois momentos com o filme: primeiro, olhando para o fascismo se perpetuando e se alongando após essa primeira marcha em Roma; depois, mostrando como o fascismo teve efeitos no cinema e até mesmo na política contemporânea. É um crescendo na estrutura narrativa de Cousins, que vai exibindo com louvor como domina esse tema em discussão aqui.


The March on Rome tem, sim, alguns tropeços. Por exemplo: em determinado momento, as ideias do cineasta vão se repetindo e se repetindo e se repetindo... Fica cansativo, apesar da boa narração de Cousins, e parece que as coisas não saem do lugar. Problema habitual no cinema do diretor, ele acaba se alongando mais do que deveria. Divagando no que não precisa ser divagado.


Mas, apesar disso, The March on Rome se torna um documento quase tão importante quanto O Fascismo Eterno, de Umberto Eco. A partir do que Cousins mostra, percebemos não só a estética e a estratégia fascista usada no passada, como também compreendemos como isso se perpetua -- também em termos estéticos e estratégicos. É potente, preocupante, intenso. Aula de Cousins.

 

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