Não dá pra proteger. The French Teacher foi o pior filme da seleção do Festival Internacional de Cinema de Brasília, mesmo tendo Cano Serrado na competição. Afinal, além de atores protagonistas péssimos em cena, o longa-metragem conta com um roteiro que não se decide, não chega a lugar algum. O sentimento, no final, é de uma história vazia, sem nexo, sem sentido.
Mas vamos com calma. O longa-metragem, dirigido pela brasileira Stefania Vasconcellos, acompanha a história de Cleo (Marie Laurin), professora de francês com problemas pessoais graves -- o pais está sofrendo com Alzheimer, a filha é rebelde sem causa e por aí vai. Mas as coisas mudam de figura quando engata um romance com um aluno (Sean Patrick McGowan).
A partir daí, o roteiro de Vasconcellos, Marie Laurin e Clara Gabrielle tenta explorar os limites desse relacionamento, os efeitos na vida em família e como isso afeta o dia a dia de Cleo.
O grande problema de The French Teacher se concentra no roteiro. Escrito a seis mãos, há uma total falta de unidade e, principalmente, de uma história que seja impulsionada pra frente. A sensação é de que a trama não avança, ou avança muito pouco, ao longo dos 90 minutos de duração. Além disso, há muitos momentos artificiais e elipses difíceis de compreender. É ruim.
Essa ausência de narrativa poderia ser maquiada se o resultado na tela fosse minimamente inspirador. No entanto, Laurin (The Uncanny) está totalmente deslocada em cena, não sabendo modular suas emoções. Mais artificial ainda do que o roteiro. Já McGowan se esforça tanto, mas tanto, que acaba perdendo um pouco do fio da meada de seu personagem. Chega a dar dó.
Quanto à direção de Vasconcellos, há algo bom ali. Ela sabe brincar com a câmera em alguns momentos, sabe como modular emoções a partir do posicionamento de personagens -- repare na cena do box de banheiro ou daquelas passadas em mesas de jantar. No entanto, como é muito inexperiente, é uma direção fragilizada. Há, ali, problemas graves de enquadramento.
Numa sequência que se passa numa festa, por exemplo, a câmera corre: a personagem fala e o foco corre para o rosto dessa pessoa; depois outro fala e a câmera faz mais um movimento brusco; e assim se sucede sem fim. Cansa, passa uma sensação ruim pro espectador. É chato.
Sorte que a fotografia de Andrea Cebukin é esplendorosa. Há conceito no que está sendo feito ali e algumas cenas, em especial, são dignas de serem enquadradas. Bom ficar de olho nessa cinematografista, que já fez trabalhos em séries In American e Amor de 4. Bom pra ficar de olho.
Em resumo: The French Teacher, que transpira uma produção de baixíssimo orçamento, é um filme com algumas coisas boas. A direção de Vasconcellos mostra que, com um pouco mais de prumo, ela pode trazer bons trabalhos; e Andrea Cebukin é um acontecimento na fotografia. Mas, de resto, pouco se salva. Atuações ruins, roteiro terrível. Um filme pra, no final, esquecer.
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