Filmes baseados em peças de teatro sempre são um problema. Ainda que Hamilton tenha feito sucesso por aí com uma apresentação teatral gravada, geralmente o tom e a linguagem não casam. O filme fica verborrágico demais, até mesmo cansativo. É o caso de Fences, por exemplo. E, também, da recente estreia da Netflix, The Boys in the Band.
Segunda adaptação dessa peça, o longa-metragem tem uma premissa bem simples. Sob direção de Joe Mantello (de Entre Amigos), The Boys in the Band conta a história de um grupo de amigos que se reúnem numa noite de 1968, em Nova York. Todos eles são gays. A partir daí, com a chegada de um convidado inesperado, a noite toma um estranho rumo.
Extremamente verborrágico, o longa-metragem chama a atenção logo de cara pela boa performance do elenco -- todo formado, também, apenas por atores gays. Jim Parsons mostra que é bem mais do que o Sheldon, com um personagem provocativo e irreverente. Também chamam a atenção Zachary Quinto, Matt Bomer, Tuc Watkins e Charlie Carver.
Além disso, conforme a trama avança, percebe-se a atualidade do roteiro adaptado de Mart Crowley, também autor da peça. Ainda que tenha sido escrito originalmente nos anos 1970, o texto fala muito sobre preconceito, homofobia, violência contra minorias e, principalmente, o medo que muitos homossexuais tem em se revelar ou, ainda, demonstrar amor e carinho.
Por essa perspectiva, aterrorizante de ainda ser atual mesmo décadas depois, The Boys in the Band é necessário, interessante e urgente. Funciona ao trazer assuntos para discussão. Além disso, a boa direção de Mantello -- que segue os passos do produtor Ryan Murphy (de American Horror Story) também propiciam alguns pontos a mais para o longa-metragem.
No entanto, voltemos à questão da adaptação de peças: o ritmo é extremamente cansativo. É verborrágico demais, chato em alguns momentos. A sensação é que The Boys in the Band é um filme que não dá tempo pra história respirar, tampouco o público. Fica preso no texto de teatro que, de maneira alguma, pode ser colocado direto nas telas do cinema.
E isso, querendo ou não, tira muito o peso do filme. Não o torna ruim, nem nada disso. Mas não é brilhante, tampouco memorável. É um filme interessante, com algumas boas mensagens e reflexões, mas que não consegue ultrapassar os limites e os desafios inerentes da adaptação de uma peça. Tenha paciência, se agarre nas atuações e bom filme!
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