Foi em 1993 que um dos maiores sucessos dos videogames, Super Mario Bros., ganhou as telonas pela primeira vez. Atores, em carne e osso, deram vida aos personagens em um filme que tem a cara dos anos 1980 e começo dos anos 1990: efeitos práticos estranhíssimos, visual questionável e por aí vai. Foi um fracasso e a Nintendo resolveu deixar a sétima arte pra lá. Até agora: a animação Super Mario Bros.: O Filme chega aos cinemas nesta quinta-feira, 6.
Ou seja: diante de todo esse contexto e da legião de fãs do encanador bigodudo, a expectativa era imensa. Esperava-se uma redenção de Mario nos cinemas, coroando-o com uma história que mistura tudo que há de melhor em seu universo. Por isso, até dá para entender, em partes, a leve decepção que se abate nos agregadores de críticas -- o filme, hoje, está com 53% de aprovação no Rotten Tomatoes. O filme é bem feito, mas arroz com feijão. Nada muito além.
Assim como acontece nos videogames, Mario aqui precisa salvar o Reino Cogumelo das garras de Bowser. No entanto, há uma mudança crucial no roteiro de Matthew Fogel (Uma Aventura LEGO 2) para o que vemos nos games. Inicialmente, aqui, quem está em perigo é o irmão Luigi, não a princesa Peach. Uma mudança de ares bem-vinda, que mostra modernização da trama e que não deixa as coisas presas no passado -- com a donzela em perigo esperando o seu herói.
Além disso, um outro acerto do filme está no visual da coisa toda. Super Mario Bros.: O Filme, pegando o que há de melhor do videogame, cria cenários e personagens de encher os olhos. É difícil não ficar empolgado vendo como os diretores Aaron Horvath e Michael Jelenic (Teen Titans Go!) souberam explorar minúcias desse universo. Há também brincadeiras divertidas com os jogos, como a sequência em que simula uma partida 2D dos jogos do encanador bigodudo.
De resto, Super Mario Bros.: O Filme é um típico filme da Illumination, casa de Meu Malvado Favorito e conhecida por suas grandes bilheterias e pouca criatividade. É um filme feito para as crianças, principalmente, adotando um tom infantil até mesmo inesperado. Horvath e Jelenic acena e piscam para a audiência mais velha várias vezes, com referências e cenas que reproduzem clássicos dos jogos, como a aguardada sequência inspirada em Mario Kart.
Mas não se engane: a Illumination e a Nintendo fizeram aqui um filme para os pequenos, não para os mais velhos. É uma busca por novos públicos que vão abraçar o Mario, Toad, Luigi, Peach e por aí vai. Não é à toa que cenas de briga parecem desproporcionais dentro desse universo tão idílico ou, ainda, as referências óbvias ao cinema de Mad Max: Estrada da Fúria durante a corrida de karts. Parecem coisas deslocadas -- afinal, não encaixam com o tom infantil de todo o filme.
Outra coisa que chama a atenção é a decisão criativa de colocar músicas que vão para além do universo musical rico e minimalista de Mario. Recriações disso preencheriam bem a lacuna sonora da produção. Não precisaria de nada mais. No entanto, há uma insistência de colocar músicas como Hero, absolutamente batidas -- essa música acabou de aparecer em Shazam! Fúria dos Deuses, por exemplo. Nesse caso, menos é mais. Mas não souberam apreciar isso.
Super Mario Bros.: O Filme é um filme divertido e que está de olho em dois públicos: o infantil, que está chegando, e o mais velho, que já ama esse universo e os personagens. Acaba focando mais nas crianças, com uma história bobinha e divertida, mas não deixa de fazer boas referências e até arrepiar em alguns momentos. É o recomeço da Nintendo nos cinemas e que, muito em breve, pode colher frutos que vão deixar a empresa encantada com a sétima arte.
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