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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Super/Man' emociona, mas menos do que poderia



Outro dia, quando resolvi ir ao cinema rever um filme que gostei, derramei um punhado de lágrimas ao assistir ao trailer de Super/Man: A História de Christopher Reeve. Não sou de chorar, mas foi difícil segurar: deu pra ver ali uma história de superação, com muita entrega do ator. Fui assistir ao longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira, 17, com ansiedade. Uma pena, porém, que me emocionei mais com o trailer do que com o longa-metragem.


Dirigido pela dupla Ian Bonhôte e Peter Ettedgui (McQueen), o longa-metragem tem um objetivo bem simples: contar a história de Christopher Reeve. Para isso, o roteiro se sustenta em dois momentos, se dividindo entre o início da carreira de Reeve nos cinemas e o momento após o acidente do ator, que caiu de um cavalo e ficou tetraplégico. Tentando unir esses dois pontos, os diretores colocam a arte digital de um herói de pedra, sendo corroído por criptonita aos poucos.


Não há, assim, qualquer tipo de ousadia ou criatividade narrativa. Bonhôte e Ettedgui se contentam em usar essa arte digital como a união entre as histórias, fazendo um jogo de idas e vindas que nunca tenta abraçar qualquer complexidade. É como se a dupla de diretores se contentasse em apenas adaptar cinematograficamente o artigo da Wikipedia sobre Reeve.



Claro que há momentos que trazem pontos ao documentário, como gravações familiares que não eram conhecidas até então ou, principalmente, quando o roteiro busca abordar algumas contradições na figura do astro, como a forma que ele enxergava a deficiência -- mais como uma condição momentânea. Essas discussões, porém, não chegam a tomar fôlego e Super/Man fica no raso, na mesmice, voltando logo para essa linha do tempo biográfica documental.


Não acho saudável ficar aventando o que um filme poderia ser. É sempre preciso pensar e analisar o que um filme é. No entanto, não dá para escapar de pensamentos que esse documentário poderia ser mais focada em alguns momentos específicos de Reeve ou até nas contradições dessa figura. Como isso se daria? Não sei. Mas, da maneira que ficou, parece mais um filme pra televisão, sem vida e sem ousadia, que se contenta em fazer apenas o básico.


Aliás, esse parece ser um mal dos documentários de grandes estúdios americanos. Quando essas produções se propõem a falar sobre grandes astros, é sempre aquela mesma estética: colegas muito famosos com declarações bombásticas e sentimentais (como Glenn Close falando sobre a morte de Robin Williams aqui, desnecessário) entrecortados por imagens de arquivo sem muito cuidado. Até mesmo a fotografia desses filmes é sempre pálida, crua.


Christopher Reeve era uma figura complexa, cheia de camadas. Encarnou o Super-Homem como ninguém mais, mas caiu em desgraça pelo mesmo motivo -- nunca conseguiu se ver livre dessa "sombra quadrinesca" que o perseguia. Por isso, difícil ignorar que Super/Man poderia ser mais, melhor. Reeve, afinal, merecia mais e melhor. Mas só de termos um documentário de um grande estúdio celebrando essa figura, e resvalando em uma leve complexidade, está bom.

 

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