Sinceramente, achei que a pandemia iria render casos mais interessantes de documentários. Até o momento, apenas o potente 76 Dias é digno de nota. Agora, infelizmente, mais uma produção entra nessa leva de mais do mesmo. É Sob Total Controle, longa-metragem documental que faz parte da programação oficial do É Tudo Verdade 2021, todo feito on-line.
No escopo do documentário, acompanhamos detalhes sobre a forma que o governo dos Estados Unidos lidou com a pandemia do novo coronavírus -- mais especificamente, a administração do ex-presidente Donald Trump. É uma tragédia anunciada, muito parecida com a que vimos no Brasil sob a batuta desvairada de Bolsonaro. Descaso, pouco cuidado, "gripezinha" e por aí vai.
Dirigido por Alex Gibney, Ophelia Harutyunyan e Suzanne Hillinger, o longa-metragem apresenta uma seleção de arquivo impecável. É um trabalho jornalístico que chama a atenção e que vai além de muito que vimos por aí. Gibney, que assina sozinho o roteiro da produção, soube colocar ordem no caos e no excesso de informações que circulou por aí ao longo de toda a pandemia.
No entanto, novamente, este é mais um filme que é mais um registro histórico do que um filme de altíssima qualidade ou qualquer outra coisa. Vejo Sob Total Controle mais como uma produção para ser exibida em escolas no futuro, sobre o que não fazer em uma pandemia e o que um líder inapto, totalmente despreparado para o cargo de presidente, faz com uma nação.
Além disso, os necessários, mas cansativos 123 minutos de duração vão além do suportável para um registro histórico desse tipo, ainda mais sendo fatos que ocorreram outro dia. Há boas reflexões? Claro. Há alguns fatos chocantes, que surgem a partir de boas entrevistas? Também. Mas isso não é o bastante para ter narrativa magnética como A Inventora, também de Gibney.
Enfim: Sob Total Controle é um filme interessante, que é lançado no presente mirando as futuras gerações que precisarão pensar muito no inacreditável que vivemos. Fico ansioso, principalmente, para ver o documentarista que vai se arriscar no que aconteceu e está acontecendo no Brasil. São tempos incertos. E os documentários serão as cápsulas do tempo.
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