Ainda que pouco conhecido pelo grande público, Siron Franco é hoje considerado um dos maiores artistas plásticos do Brasil. Dono de um estilo que passeia entre referências indígenas, naturais e até religiosas, Siron criou quadros marcantes (e, às vezes, perturbadores) que brincam com a imaginação e o sentimento com aqueles que apreciam uma boa arte, claro.
Em Siron: Tempo Sobre Tela, acompanhamos a história, a vida e os bastidores profissionais de Siron ao longo do tempo. Para isso, o cineasta André Guerreiro Lopes traz diversos conteúdos que foram produzidos ao longo do tempo sobre e com Siron. Vemos o artista plástico jovem na tela, em uma típica gravação VHS, para logo em seguida avançarmos no tempo, já mais velho.
É um mergulho não só no trabalho técnico de Siron, como também nos seus sonhos, no seus tempos, nas suas ideias, nos seus medos. É um mergulho raro de um entrevistado se permitir e embarcar na produção. O material de arquivo aqui exibido é rico, interessante, profundo. Junto com as gravações mais atuais de Siron, fica um mosaico completo de como ele é como pessoa.
As cenas de Siron pintando e criando são os momentos mais fortes do documentário. Pena que não são mais frequentes, como o excepcional The Mistery of Picasso, de Henri-Georges Clouzot.
No entanto, vale dizer que Siron: Tempo sobre Tela peca em algo central: a história do Monumento das Nações. Todo o processo de criação é mostrado no documentário, assim como o desfecho -- segundo Siron, o monumento foi quebrado a marretadas por conta de intolerantes. Mas, em notícias por aí, vê-se que há mais histórias por trás disso, como mostra o Hoje.
Parece, assim, que o mergulho é completo. Mas não. Falta uma parte, uma provocação. Talvez mostrar um outro lado de Siron, mais ambicioso. No entanto, Siron: Tempo sobre Tela acaba ficando em partes que mais celebram o artistas. E tudo bem. No fundo, o filme perde um pouco de força, de vitalidade. Mas, ainda assim, é um bom mergulho na história do artistas plástico.
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