O norte-americano Ted Bundy, formado em psicologia e bacharel em direito, se tornou um dos nomes mais conhecidos da história dos Estados Unidos. E não por conta de sucesso nessas duas áreas que atuou. Bundy, na verdade, se tornou o primeiro grande e conhecido serial killer do País, sendo a responsável pela morte de cerca de trinta garotas. É nessa história real que se aprofunda a série documental Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, produção da Netflix que estreou na última quinta-feira, 24.
Dividida em quatro episódios com média de 50 minutos, a produção vai se aprofundando na formação de Bundy como pessoa, como profissional e, claro, como assassino. Sem seguir uma linha temporal óbvia, a trama vai se dividindo em vários momentos da vida de Bundy, focando nos crimes contra essas garotas e na relação que teve com dois jornalistas, com quem gravou fitas revelando, na terceira pessoa, detalhes de crimes. É um aprofundamento completo, que preenche várias lacunas, e vai ativando emoções.
Mas não é só a história que chama a atenção. O diretor Joe Berlinger, que já comandou algumas outras séries documentais sobre crimes e criminosos, também acerta ao trazer um material inédito e extremamente completo envolvendo Bundy. Há imagens de julgamentos, entrevistas com dezenas de pessoas envolvidas direta ou indiretamente na vida do criminosos e, principalmente, fitas dessas conversas com a dupla de jornalistas que coloca um elemento a mais na produção -- olhar, mesmo que enviesado, de Bundy.
A série, como a maioria das produções da Netflix, acaba se estendendo um pouco mais do que o necessário. Os três primeiros episódios podiam ser diluídos em dois, talvez um pouco mais longos do que um único, mas não tão inchados quanto ficaram. Não chega a ser chato ou arrastado, mas se torna desestimulante. Quanto ao último episódio, está no ponto. É interessante, cheio de conteúdo, perturbador. É bizarro ver como Bundy possuía, claramente, problemas psicológicos e neurais e, mesmo assim, não escapou da pena de morte. É uma discussão, aliás, que esbarra na história geral e é interessante.
Há um ponto, porém, que causa controvérsia. O nome oficial da série é Conversando com um Serial Killer. O que parece, num primeiro momento, é que haverá um conteúdo forte e insistente no sentido de mostrar as fitas de conversas dele com os jornalistas, mostrando um outro lado da história. E há isso por um episódio, no máximo. Depois, esse recurso é deixado de lado e mostrado apenas em um ou outro momento. Claro: há coisas bem mais interessantes do que ouvir fitas atrás de fitas. Nada de 13 Reasons Why aqui. Mas quem procura isso, pelo nome e sinopse da série, pode se decepcionar.
Mas, ainda assim, Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy é mais uma ótima série documental sobre crimes da Netflix -- fazendo companhia às ótimas Gênio Diabólico, Caçador de Mentes e Inocente: Uma História Real de Crime e Injustiça. São produções caprichadas, que derrapam aqui e ali por conta de alguma enrolação ou de alguns excessos que não se justificam, mas que funcionam e que, sem dúvidas, vão agradar o público que procura se aprofundar nessas histórias bizarras e cruéis.
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