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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Sergio', da Netflix, é bom drama sobre diplomata brasileiro



Sérgio Vieira de Mello pode ser considerado um dos personagens mais cativantes e interessantes da história brasileira. Diplomata, ele liderou importantes missões da ONU para apaziguar conflitos, resolver guerras e até ajudar na independência de países. Foi uma história marcante até sua morte, em 2003, quando foi vítima de um atentado em Bagdá, no Iraque.


Agora, essa trajetória chega aos cinemas com o longa-metragem de ficção Sergio. Produção exclusiva da Netflix, o filme cria um mosaico de histórias, sensações e emoções para tentar, de alguma forma, mostrar todas as vidas que Sérgio viveu. E o diretor Greg Barker entende dessas particularidades. Afinal, foi ele também que dirigiu o bom documentário de 2009 sobre Sérgio.


Mas aqui, no caso deste filme da Netflix, o destaque não é a direção, nem mesmo o roteiro. É Wagner Moura (de Narcos, Praia do Futuro). O ator brasileiro toma conta do longa. Hipnotiza. Sua atuação é certeira e dá camadas à Sérgio. E ao contrário do que foi visto em Oblivion, primeiro filme internacional de Moura, ele vai bem falando em inglês, português, espanhol e até francês.


Além disso, vale destacar, ele tem química com a excelente Ana de Armas (vista recentemente em Entre Facas e Segredos). Os dois convencem e tornam a trama mais humana, mais real.

Quanto ao roteiro de Craig Borten e a direção de Barker, há pontos negativos e positivos. Primeiramente, é preciso destacar como existem, aqui, dois fios narrativos completamente opostos e que seriam filmes por si só. De um lado, o romance entre Sérgio e a personagem de Carolina (Armas). De outro, a trama diplomática de fato, com o o brasileiro enfrentando desafios.


Hoje, dada a complicada situação global de autoritarismo, seria muito mais interessante um foco na trama diplomática. Tem mais nuances, mais relações com a vida real e traz visões interessantes, e originais, sobre a ONU, a vida de diplomatas e, principalmente, o papel dos EUA no conflito do Iraque. A vontade é ver mais disso e menos do romance. Faltou um equilíbrio.


Além disso, Barker exagera no tom em alguns momentos. Investe numa espécie de dramalhão e, por vezes, o filme fica preso num mesmo formato. Falta um ar mais cinema e menos TV.


Por fim, há de se destacar acertos de Borten e Barker. O mosaico criado, com a temporalidade do filme indo e vindo, cria uma dinâmica interessante. E como já destacado, há alguns pontos de vista inéditos na trama. Mas o principal é a confiança que o diretor parece ter depositado em Moura. Na cena que abre esse texto, por exemplo, há uma emoção injetada forte, particular.


Dessa forma, Sergio é um filme que fica alguns degraus abaixo do que poderia ser. No entanto, é importante e interessante mergulhar na história desse personagem ímpar, pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Vai emocionar, empolgar, entreter. E o mais importante: vai mostrar a importância de Sérgio Vieira de Mello para os mais de 190 países onde a Netflix atua.

 
1 comentário

1 Comment


eraldonmarques
Apr 18, 2020

Ohh, dirigido e produzido na gringa? Claro que vou falar bem!

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