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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Secreto e Proibido', da Netflix, é filme delicado e sensível sobre amor


Terry Donahue e Pat Henschel são duas senhoras, já batendo na casa dos noventa anos, que logo na primeira cena do documentário de Secreto e Proibido se tratam como primas. No entanto, como logo mais o filme de Chris Bolan virá a revelar, elas são muito mais do que isso. Muito, muito mais. Há quase 70 anos, na verdade, são um casal no meio dos Estados Unidos.


Ou seja: nem é preciso dizer muito sobre os desafios que enfrentaram. Na década de 1940, quando se conheceram, a homossexualidade era mais do que um tabu. Para alguns, era crime. Havia uma aura de proibição pesada. Por isso, quando as duas se conheceram e se encontraram, começaram a viver esse romance escondidas. Mas deu certo. E o amor perdurou.


Sobre essa delicada história, Bolan não faz muita força para inserir narrativas malucas ou insistir pesadamente no tema do preconceito. O fiapo de trama está lá -- a necessidade das duas mudarem de casa -- e a questão do preconceito fica evidenciada em gestos, decisões, falas. O foco do filme, assim, recai merecidamente sobre uma história de amor franca e verdadeira.

Ao longo de quase 90 minutos, Secreto e Proibido -- que ganhou essa tradução péssima a partir de A Secret Love -- o que vemos são as duas senhoras no seu dia a dia. Por mais que não se deem beijos ou afagos, o carinho e o amor saltam aos olhos. É evidente. As pequenas inserções narrativas sobre a história das duas são feitas naturalmente, com cartas, fotos e depoimentos.


Com isso, o documentário não se revela como um produto com intenções de falar sobre preconceito, sobre como elas se veem hoje em dia numa sociedade mais intolerante, nem nada disso. O filme, que é surpreendentemente produzido por Ryan Murphy (American Horror Story) e Jason Blum (da Blumhouse, de Corra! e Nós), deixa o amor transpirar a cada cena filmada.


E isso é absolutamente lindo. Por mais que o longa tenha problemas de ritmo, não importa. A história das duas, agora cristalizada nas telas de um filme (quisera eu dizer película, para outros tempos!), basta. Não há nada a se dizer sobre isso. É daqueles documentários que não precisam de clímax, não precisam de história. Só as duas ali, transpirando amor e coragem, é o bastante.

 
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