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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Se Eu Soubesse' é filme pretensioso e cheio de buracos


No começo do longa-metragem Se Eu Soubesse, que chegou às plataformas de VoD na última quinta-feira, 3, a sensação era de que coisa boa estava por vir ao longo dos seus 86 minutos de projeção. Aos poucos, porém, esse sentimento positivo vai caindo por água abaixo com uma trama pretensiosa, inverosímel em sua essência e repleta de buracos narrativos.

A trama do filme parte de um fiapo narrativo: Daniel (Gael García Bernal) é um cigano, na região da França, que precisa fazer pequenos golpes e cometer alguns assaltos para viver e pagar as contas que se acumulam. Sua vida se complica ainda mais, então, quando o amigo Costel (Nahuel Pérez Biscayart) morre num acidente e Daniel, presente no momento, se sente culpado.

Para começar a contar essa história, a diretora estreante Joan Chemla aposta numa narrativa desconstruída e que vai sendo exposta aos poucos. É um recurso que, no início do filme, funciona de maneira exemplar e faz os olhos da audiência brilharem com algumas interessantes inventividades. A edição também não deixa por menos, se mostrando ágil e vertiginosa.

Essa agilidade inicial na montagem e na narrativa, porém, vai morrendo aos poucos, como se as forças do filme fossem se esvaindo. Aos poucos, a história vai se tornando convencional e os personagens, com tanto potencial, vão sumindo num roteiro que não consegue se sustentar. Há um romance sem sal que é impossível de entender a sua origem e seu significado.

As atuações, infelizmente, também vão perdendo a vivacidade: Gael García Bernal (Deserto), sempre ótimo, se mostra extremamente irregular, alternando entre bons momentos e outros completamente sem vida. Marine Vacth, Nahuel Pérez Biscayart e Mariano Santiago, coitados, possuem ainda menos material para trabalhar. Impossível sair uma boa atuação dessa bagunça.

No final, o roteiro está tão frígido e sem vida que o espectador nem sabe mais o que está vendo. É um desfecho totalmente confuso, apático e sem ligação qualquer com os ótimos 20 minutos iniciais, que salvam o filme de ser uma bomba completa. Que Chemla use esse fracasso como aprendizado para criar um filme tão bom quanto o início de Se Eu Soubesse. Afinal, se ela continuar se inspirando nos outros 60 minutos de projeção, prepare-se para grandes bombas.

 

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