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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Roda do Destino' é delicado filme sobre encontros e desencontros


O longa-metragem Roda do Destino, disponível na programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é uma reunião de três histórias. A primeira fala sobre uma mulher que está se envolvendo com um homem e, na empolgação, conta para a amiga. O que ela não sabe é que a tal amiga forma, junto com esse novo casal, um triângulo amoroso bastante inesperado.


Já a segunda, a mais interessante da tríade, é sobre uma jovem que, para tentar vingar um amigo, busca seduzir um famoso escritor japonês. Por fim, para encerrar o longa-metragem de 120 minutos, acompanhamos a história de duas mulheres que se encontram em uma rua no Japão e que, naquele mesmo momento, acham que estão vendo antigas colegas de escola.


Essas três histórias possuem em comum, além das personagens femininas liderando a trama, um sentimento: o de encontros e desencontros. O cineasta e roteirista Ryûsuke Hamaguchi (de Asako I & II) bebe da fonte de Haruki Murakami para inserir elementos que, de alguma forma, distorcem a narrativa: são pequenas fantasias inseridas dentro desse universo do diretor.

As cinco mulheres retratadas, em comum, possuem o amor, esse sentimento tão complicado e difícil de entender. Uma está apaixonada por um aparente babaca, outra embarca na sedução para não fazer desfeita com um ficante, outra vê na similaridade de uma mulher uma forma de fazer as contas com o passado. Encontro, desencontro, fantasia, amor. Tudo na Roda do Destino.


Hamaguchi, como já havia mostrado no interessantíssimo Asako I & II, lançado no final de 2019 no Brasil, sabe filmar: assim como Hong Sang-soo, brinca com a câmera — há até um zoom típico do coreano na primeira história — e a fotografia clara, quase estourada, de Yukiko Iioka, é outro destaque. Mas, do lado técnico, é o roteiro que explode na tela e suga o espectador.


As conversas, por vezes longas e com pouquíssimas pausas, vão dando o clima. Boas atuações, como a de Katsuki Mori e de Aoba Kawai, são o tempero. E no final, mesmo tendo o problema de toda e qualquer coletânea de histórias, com diferenças claras de qualidade entre os pequenos filmes, Roda do Destino prende e surpreende, com muita humanidade, amor e, é claro, destino.

 

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