Chega a ser impressionante como a Netflix sempre tenta emplacar uma grande franquia para chamar de sua, mas nunca consegue. Agente Oculto é a tentativa mais recente, com um orçamento impressionante de US$ 200 milhões e críticas que apontam para um roteiro ruim e direção atrapalhada. Só que, antes de Agente Oculto correr, três filmes andaram: Desaparecidas, Presságio e, agora, Retorno, filme que chegou ao catálogo da Netflix nesta quarta-feira, 27.
Dirigida por Alejandro Montiel, a franquia é inspirada em uma série de livros de Florencia Etcheves sobre a policial Pipa (Luisana Lopilato) que, ao longo dos filmes, vai se desenvolvendo como policial, pessoa e mãe. Desaparecida, o primeiro filme lançado lá em 2018, é um desastre completo -- brega, pastelão, previsível. Depois, em 2020, a Netflix insistiu no erro com o terrível (e pior da franquia) Presságio. Agora, Retorno consegue melhorar um pouco -- bem, bem pouco.
Afinal, o longa-metragem já tem sua história consolidada. Não precisa perder muito tempo com contexto ao contrário dos outros dois filmes, já que o público deve dar play sabendo quem é Pipa, o que ela está fazendo e qual a sua situação. O filme começa mais seco, com o crime já bem definido e sem muito blá-blá-blá. Quem não assistiu aos outros dois longas certamente irá ficar confuso, sem entender os caminhos da história. Mas, quem já viu, terá algum conforto.
No entanto, a sensação de uma história fluída, que anda pra frente, fica restrita aos 20 primeiros minutos. Logo depois que o crime é estabelecido e a investigação de Pipa começa a acontecer, Alejandro Montiel volta a perder a mão como nos outros dois filmes -- a história rapidamente vai se tornando cansativa, repetitiva, insossa. Pipa, apesar de todo o desenvolvimento prévio dessa personagem, não funciona. Sua personagem não tem força, sequer carisma. Difícil embarcar.
No final, fica aquela sensação de que é só mais um filme policial perdido em um mar de outras produções. A Netflix abriu a carteira para uma franquia policial argentina, achando que repetiria nas telas o sucesso dos livros. Retorno, porém, não tem nada de original, de criativo, de empolgante. Assim como O Agente Oculto, fica difícil entender o motivo de tanto investimento, de tanta empolgação com ideias que simplesmente não vão pra frente com tanta coisa boa por aí...