Foi durante a pandemia, ainda em 2020, que Resgate chegou ao catálogo da Netflix. Tudo indicava que seria só mais um filme. No entanto, com o isolamento social, as novidades da Netflix ganharam mais peso e o longa, estrelado por Chris Hemsworth (o Thor), se tornou um sucesso: 99 milhões de assinantes assistiram ao filme nas quatro primeiras semanas de seu lançamento. Isso acabou garantindo uma sequência: Resgate 2, estreia desta sexta-feira, 15.
A trama fala novamente sobre um resgate, é claro, que precisa ser feito pelo mercenário Tyler Rake (Hemsworth). Ele é uma mistura mais humanizada de John Wick com Highlander: se fere, se machuca, mas está sempre ali, derrubando helicópteros, derrubando inimigos na faca e até usando um escudo da polícia. Parece que nada o alcança — principalmente após sobreviver aos ferimentos no final do primeiro filme. Mas a nova missão é difícil: salvar a família de um mafioso da Geórgia, tirando-os da prisão, e ainda tendo que lidar com fantasmas de seu passado.
Assim, em termos de ação, o diretor Sam Hargrave (o mesmo do anterior) sobe alguns degraus em meio ao caos que o protagonista vive. O filme só vai dar seu primeiro respiro com quase 50 minutos de projeção, após um longuíssimo plano sequência (com efeitos) e de muitas mortes pelo caminho. A cena na prisão, em que Tyler vai resgatar a tal família do mafioso, é talvez a mais grandiosa que a Netflix já fez no gênero da ação, com muitos efeitos e figurantes em cena.
Apesar de algumas derrapadas nos efeitos especiais (o que está se tornando comum, com casos até na Marvel e na DC), esse começo empolga e cativa. Você, sabendo o que o filme anterior entregou, espera exatamente isso de Resgate 2. Mas, como sempre, o filme quer se superar.
E é aí que está o problema com Resgate 2: sim, o filme se supera em termos de ação, mas passa longe de conseguir algo melhor com seu roteiro. Nessa ânsia de tentar mostrar mais sobre quem é Tyler, uma máquina de matar no primeiro filme, os roteiristas Ande Parks e Joe e Anthony Russo (os diretores de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato) tentam criar uma história que não empolga e não convence. O segundo ato do filme perde exageradamente o ritmo, que é imposto em um degrau muito acelerado e exagerado na sua primeira metade.
É como se, no meio de uma guerra, alguém quisesse parar para desabafar sobre seu passado. Preciso realmente ser algo muito interessante para que as pessoas ao redor parem e ouçam o que está sendo contado — o que não é o caso aqui, apenas mostrando mais uma vez como os Russo não são exímios contadores de histórias como se aventou lá atrás. E tudo isso, enfim, acaba resultando em um terceiro ato apático, em que boa parte do público já não consegue se vincular com aquela história que se prolonga demais e tenta encontrar um coração.
Resgate 2, assim, é puro músculos, ossos, ligamentos, tendões. No entanto, quando o filme tenta achar um pouco de coração e cérebro, falha terrivelmente. Mas, ainda assim, para os que gostam de uma boa história de ação, o longa é um prato cheio com sequências de tirar o fôlego e que se aproximam, mesmo que minimamente, ao que fizeram na franquia John Wick.
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