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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Relíquia Macabra', no Telecine, faz terror usando a finitude da vida


Nos últimos anos, o cinema de terror tem passado por uma transformação. Alguns chamam de pós-terror -- mesmo não fazendo sentido tal termo, já que "pós" dá a ideia de negação. Outros só veem como um momento em que o cinema, e seus realizadores, estão precisando encontrar novos meios de fazer o terror funcionar em uma sociedade cada vez menos passível ao susto.


Relíquia Macabra, longa-metragem que chega com exclusividade ao Telecine nesta terça-feira, 25, segue esse caminho. Dirigido e roteirizado por Natalie Erika James (Creswick), o longa-metragem acompanha mãe (Emily Mortimer) e filha (Bella Heathcote) que vão para a casa da avó (Robyn Nevin) depois de seu desaparecimento. O que houve com a anciã da família?


A partir daí, Erika James insere elementos sobrenaturais na trama enquanto tentamos entender o que está acontecendo ali. Fica a dubiedade da situação em que as duas personagens se encontram. Além disso, também é a oportunidade para a cineasta surfar em duas ondas: na do cinema sobrenatural e, também, nesse terror mais psicológico, recheado de boas metáforas.


O problema é que as coisas demoram para deslanchar, de fato. Relíquia Macabra fica brincando com a atmosfera nos 60 minutos iniciais para, só nos últimos trinta minutos, investir em um horror mais gráfico e ampliar a metáfora sobre envelhecimento, luto, memória. Parece que são 60 minutos apenas ameaçando, mostrando o que pode fazer, para depois fazer tudo rápido.


O elenco está afinado, com destaque para Emily Mortimer em um bom papel -- e até gratificante vê-la em um terror mais interessante depois da bomba A Possessão de Mary. Robyn Nevin, como a avó, acaba sendo o destaque inesperado. Afinal, ela aparece bem menos em cena, mas, ainda assim, dá bons sustos -- lembra, inclusive, a dinâmica do terror A Visita, do Shyamalan.


Na última cena, temos o ápice do filme. A metáfora de todo aquele horror se concretizando, ganhando vida. A perda de memória e o envelhecimento, em seu horror mais brutal e triste, ganha a tela. Mas a sensação é de que não é o bastante para compensar toda aquela espera. O filme poderia ter ousado mais, arriscado mais. Afinal, a cineasta mostra que tem estofo pra isso.


Relíquia Macabra, assim, é um filme interessante. Tem seus bons momentos e destaques, mas a demora para engrenar a história acaba sendo o ponto baixo da narrativa. Faltou mais vigor e intensidade numa história que tinha tudo para ser mais um destaque desse movimento do horror, ao lado de títulos como A Bruxa, Ao Cair da Noite e afins. Ficou só em segundo plano.

 
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