Michael Knox (Dave Bautista) é um ex-soldado do exército americano que decide ir para a Inglaterra visitar sua sobrinha de consideração, a adolescente Danni (Lara Peake). Para a ocasião, ele compra um par de ingressos para um jogo de futebol que vai ocorrer na região. Corre tudo bem até que os dois se separam e, nesse ínterim, acabam envolvidos no sequestro do estádio por um grupo de terroristas russos. Caberá a Michael, e seu inusitado parceiro Faisal (Amit Shah), proteger as pessoas que ali estão.
Essa é a trama de Refém do Jogo, filme que conta com absolutamente todos elementos básicos de uma ação. Homens bombados se agredindo, conspiração terrorista praticada por pessoas com sotaque do leste europeu, alguém indefeso correndo perigo de vida, uma ou outra cena de ação sem sentido, ameaça com contagem regressiva. O diretor britânico Scott Mann (O Sequestro do Ônibus 657) nem ao menos se esforçou para tentar mudar alguma coisa nesse sentido. É prato feito para quem quer ação nas telas.
O que muda aqui, e que traz um certo ar de originalidade para Refém do Jogo, é a mistura das cenas de perseguição com o jogo de futebol que continua rolando no verde gramado -- assim como foi feito, só que com muito mais talento, em O Segredo dos Seus Olhos. A mistura desses dois elementos, que inicialmente parece não ter nada a ver na narrativa, acaba gerando um bom casamento e amplia as possibilidades do diretor na filmagem das cenas e no jeito de contar a história de Jonathan Frank, David T. Lynch e Keith Lynch. É, afinal, uma saída para alavancar os potenciais dessa trama.
Outro ponto de destaque é Dave Bautista. Ex-lutador de MMA, Bautista tem se mostrado, cada vez mais, como um ator de muita presença cênica. Desde sua grande estreia em Guardiões da Galáxia, ele já acertou em vários outros projetos, como Blade Runner 2049, Ataque a Bushwick e Hotel Artemis. Ele sabe como usar sua força e sua limitação como intérprete a seu favor. É interessante acompanhar sua carreira de perto.
De resto, porém, o elenco não conta com nada além de estereótipos. Peake (How to Talk to Girls at Parties) nada mais é do que uma adolescente muito chata, Amit Shah (A 100 Passos de um Sonho) é um alívio cômico que funciona uma ou duas vezes, e Pierce Brosnan (Mamma Mia!) deve estar até agora pensando o porquê de ter aceitado esse seu inútil papel. Sem ele, o filme continua fazendo muito sentido. Até mais, na verdade.
Assim, Refém do Jogo é um longa-metragem mediano, mas que deve agradar os que buscam uma diversão leve com toques de tensão e ação. Nada de trama cabeça, histórias complexas, personagens profundos e com boas motivações. É tiro, porrada e bomba -- com o diferencial de ter uma partida de futebol, algo raro nos cinemas do gênero, como pano de fundo. De resto, compre a pipoca e divirta-se sem esperar muito.
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