Quando você vai assistir uma comédia francesa sobre um triângulo amoroso, o que pode dar errado? É difícil pensar em um resultado pior do que ser um filme simpático, gostosinho de assistir. Afinal, os franceses são mestres em contar histórias leves, divertidas e deliciosas de assistir num dia qualquer, despretensiosamente, para passar o tempo e pensar no amor.
No entanto, a comédia Quem me Ama, Me Segue consegue ser apenas divertidinho -- e olhe lá. Dirigido por José Alcala (do simpático Alex), o longa-metragem conta a história de um triângulo amoroso formado por uma geração que aprendeu a se libertar. De um lado, o casal Simone (Catherine Frot) e Gilbert (Daniel Auteuil). Do outro, o vizinho solteirão Etienne (Bernard Le Coq).
Logo de cara, o roteiro do próprio Alcala já gera estranhamento. Não há exatamente uma preparação ou um background para o romance que circula entre os três. Fica uma situação bem estranha, onde nada parece se encaixar -- Gilbert sabe que sua esposa o trai? Se sabe, de onde vem essa alma libertária? Qual a relação dele com Etienne? Qual o problema dos três ali?
A sensação é de que Quem me Ama, Me Segue é a continuação de algo. O filme, afinal, chega com informações reprimidas e nunca se preocupa em resolvê-las de fato. Muita coisa fica no ar.
O pior, porém, é que os problemas não param por aí. Essa mesma dificuldade em explorar o relacionamento dos três se estende para outras subtramas do longa-metragem. A relação de Gilbert com a filha é pouquíssima explorada, assim como as dificuldades financeiras do casal, a relação com o neto, o trabalho de ambos, o tipo de relacionamento que mantém, e por aí vai.
No final das contas, fica uma estranha sensação de que Alcala esconde coisas do público o tempo todo -- e sem motivo nenhum. O que era para ser uma comédia leve e tipicamente francesa, dessa maneira, se transforma num filme caótico. Muitas coisas não fazem sentido, outras demora para se encaixar. Eis o problema de um roteiro muito mal escrito. Dá nisso.
Daniel Auteuil (Caché) está bem e é o único personagem que consegue puxar algumas risadas. Catherine Frot (Marguerite) se perde em mesmices e Le Coq (Feliz Natal) não se destaca.
No final das contas, Quem me Ama, Me Segue é um filme divertidinho. E só. O problema grave de roteiro, aliado com uma falta de habilidade de Alcala em dirigir essa história, faz com que essa comédia francesa não tenha o mesmo efeito positivo que poderia ter. Afinal, é aquilo: conexão com a história e com os personagens é a chave do sucesso. E aqui não há nem um, nem outro.
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