Como já falamos diversas vezes aqui, a Netflix está investindo pesado na produção de documentários sobre crimes -- Don't Fuck With Cats, Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil, Cenas de um Homicídio e por aí vai. Agora, a Netflix faz mais uma produção de primeira linha sobre um assassinato real, nas ruas dos Estados Unidos: Por que você me matou?.
Dirigido pelo cineasta estreante Fredrick Munk, o longa-metragem acompanha a história do assassinato de Crystal, mulher morta numa esquina perto de sua casa. Tempos depois, vendo a inatividade da polícia, a mãe dessa jovem decide agir. Ao lado da prima, começam uma jornada para descobrir quem é o criminoso usando a rede social MySpace e perfis falsos.
Logo de cara, a sensação é de que Munk vai usar uma linguagem e estética diferente de tudo que já vimos nos documentários da Netflix. Ao melhor estilo de Buscando..., o longa-metragem usa uma tela fictícia de MySpace para mostrar como a relação entre esses perfis falsos com criminosos ia dando detalhes sobre o assassinato. Tudo isso com entrevistas salpicando o filme.
Assim, rapidamente, esse artifício de usar a tela do computador se torna apenas um detalhe, assim como a boa sacada de recriar a rua do crime em uma maquete. São muletas para sustentar as entrevistas, com pouquíssimas imagens de arquivo. Fica a sensação de que o diretor não soube aproveitar esse experimentalismo, condicionando-o ao segundo plano.
Além disso, vale destacar que a narrativa é bastante confusa em várias momentos e não há o mesmo vigor que vimos em outras produções do tipo da Netflix -- Don't Fuck With Cats e Cenas de um Homicídio são bem superiores, em comparação. Falta um roteiro mais afiado. Além disso, fica bem raso o mergulho na vida pregressa de Crystal e de sua família, que desperta interesse.
Por que você me matou?, sem dúvidas, era um filme de potencial. Teria sido muito mais interessante se o diretor tivesse abraçado o experimentalismo visual desde o começo, criando um documentário tipo Buscando.... Há história para isso aqui. Mas o medo de ousar em registros documentais é algo que parece entranhado nas produções do meio. Ainda assim, boa história.
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