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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Pequenos Monstros', no Telecine, é filme original de zumbis


Vira e mexe, surgem alguns filmes que saem do lugar-comum das tramas de zumbi. Há alguns anos foi o caso de Invasão Zumbi, filme coreano de ação com um ritmo insano. O francês Bertrand Bonello (Nocturama) surpreendeu com Zombie Child, filme ainda inédito no Brasil e que teve sua estreia cancelada por conta da covid-19. Agora, Pequenos Monstros entra na lista.


Dirigido e roteirizado pelo australiano Abe Forsythe (Down Under), o filme começa como uma comédia banal. Na trama, Dave (Alexander England) é um homem sem objetivos de vida e que vive como um adolescente. Prova disso é que, após ser traído pelo namorada, ele resolve ir com o sobrinho num acampamento. O objetivo? Paquerar a professora Miss Caroline (Lupita Nyong'o).


A grande sacada de England, a partir dessa premissa, é colocar um apocalipse zumbi no meio desse acampamento de verão. Crianças inocentes, um homem fracassado e uma professora corajosa formam uma fórmula divertida e muito curiosa. Ainda por cima, tem uma espécie de Luccas Neto interpretado por Josh Gad (o Olaf de Frozen). É a receita para um caos completo.


Nyong'o (Nós), mais uma vez, se mostra como uma das melhores atrizes de sua geração -- quiçá, a melhor. Ela entra de cabeça na personagem, deixando bem clara a personalidade da tal Miss Caroline sem forçar demais. Dá pra acreditar na personagem. England (Alien: Convenant) se sai bem como um estereótipo completo de um homem babaca, mas bastante divertido.

Inesperadamente, assim, temos um filme de zumbis com excelentes atuações. Lupita, como sempre, eleva o nível. E Pequenos Monstros deixa para trás a sina dos longas desse gênero.


Vale ressaltar, também, a esperteza de Forsythe como roteirista. Ele coloca pequenas piadas, escondidas em diálogos aparentemente normais, para fisgar o espectador e gerar aquele risinho de canto de boca. Não há nada absolutamente hilário em Pequenos Monstros, com a exceção de uma cena no início e uma ou outra envolvendo crianças. E é algo que funciona.


Forsythe, por ser um cineasta ainda pouco experiente, comete alguns erros banais. Por exemplo: cria expectativas e não cumpre; começa com um humor pesado, sem qualquer tipo de limite, e logo deixa isso de lado; não investe na exploração do espaço do acampamento. A escolha de ficar praticamente num único ambiente acaba sendo um pouco decepcionante.


Além disso, o final é genérico demais. Por mais que, novamente, conte com boas sacadas de roteiro, não há um grande momento como no começo. A sensação é que o filme murchou conforme avançou. Mas, ainda assim, a sensação de que estamos vendo um filme original, criativo e divertido permanece. Forsythe se arriscou. E o resultado é mais do que agradável.


OBS.: O filme, que fez uma boa carreira nos cinemas internacionais em 2019, chegou direto na plataforma de streaming do Telecine -- o antigo Telecine Play. Disponível já na plataforma.

 
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